PILAR OLIVARES / Reuters| Foto:

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) publicou nesta sexta-feira (18) uma lista dos seus 50 maiores tomadores de recursos. Petrobras, Embraer, Norte Energia, Vale, Construtora Norberto Odebrecht, Tim, Telefônica, Oi e até o jornal O Estado de São Paulo estão entre os dez maiores. Segundo banco de fomento, é a primeira vez que esses dados são disponibilizados ao público neste formato.

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Após a divulgação do documento, o presidente Jair Bolsonaro, que prometeu diversas vezes nos últimos meses “abrir a caixa-preta do BNDES”, comemorou o fato em sua conta no Twitter. “Ainda vamos bem mais a fundo! BNDES divulga interessante link identificando os países que usaram os recursos financeiros do Brasil e os motivos dos empréstimos. Tire suas conclusões”, escreveu.

A ferramenta permite ao usuário ver cada operação efetuada com os 50 maiores tomadores de recursos dos últimos 15 anos (2004 a 2018), além de disponibilizar recortes trienais. A nova página da plataforma de transparência também permitirá saber se os recursos emprestados pelo BNDES para os maiores clientes foram por meio de empréstimos ou de investimento em renda variável, por compra de ações negociáveis ou por outras formas do BNDES entrar na estrutura societária da empresa.

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No período de 2004 a 2018, por exemplo, a Petrobras aparece como a principal tomadora de recursos com R$ 62,429 bilhões, o equivalente a 4,05% de todos os recursos tomados no banco. Embraer aparece em segundo lugar, com R$ 49,37 bilhões ou 3,20% do total, seguida por Norte Energia (R$ 25,388 bilhões) e Vale (R$ 22,489 bilhões).

O banco de fomento diz ainda que a iniciativa de facilitar a compreensão das operações do BNDES também inclui um acesso direto a todos os contratos de exportação de bens e serviços brasileiros de engenharia para projetos em outros países. “Foi disponibilizado um link que permite acessar, na íntegra, os contratos assinados entre o BNDES, o país importador e a empresa brasileira exportadora de bens e serviços de engenharia”, informa.

Segundo o BNDES, no site estão disponíveis os contratos referentes à exportação relativa a projetos nos nossos vizinhos Argentina, Paraguai, Peru e Venezuela, assim como em Honduras, Equador, Costa Rica, Guatemala, México, República Dominicana e Cuba, além de Angola, Gana e Moçambique.

O presidente Bolsonaro está de parabéns pela iniciativa. Precisamos abrir a “caixa preta” do banco, que se tornou o maior instrumento de transferência de riqueza dos mais pobres para os mais ricos. Durante a era petista a coisa piorou, e muito, acrescentando-se, além do esquema tradicional de “capitalismo de laços”, o fator ideológico. Basta ver a lista de países agraciados com nossos recursos públicos para deixar isso claro.

O BNDES é um mecanismo de concentração de renda. As empresas grandes possuem mais influência e meios para chegar ao poder, e passam a “investir” em lobby em vez de produtividade. O “Custo Brasil” é elevado: taxa de juros, mão de obra desqualificada, infraestrutura capenga, carga tributária elevada e complexa, burocracia asfixiante. Em vez de lutar para transformar essa triste realidade, é mais fácil mitigar isso tudo com empréstimos subsidiados, com taxas abaixo até mesmo da inflação muitas vezes. Quem não quer?

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Toda a torcida do Flamengo e do Corinthians! Mas quem consegue? Quem tem acesso? Ora, como fica claro, aqueles que menos precisam, os gigantes, os poderosos com tapete vermelho em Brasília. E assim nosso modelo vai virando um capitalismo de compadres e matando cada vez mais o liberalismo criador de riquezas. Ver a esquerda defender um modelo desses é a prova final de que esquerdismo não tem nada a ver com ajudar os mais pobres, e sim os mais ricos!

Paulo Martins comentou: “Saiu a lista do BNDES. Vejam os valores. Capitalismo brasileiro não existe. Existe apenas um bando com acesso ao poder para forjar operações bilionárias no bancão que guarda o dinheiro tomado do povo. Essa porcaria de BNDES precisa ser extinto. O capitalismo precisa chegar no BR. O BNDES é o financiador do socialismo nacional. Sim, esse “capitalismo” que vive de esquema estatal eu chamo de socialismo. Não há combate ao socialismo sem combater a existência do BNDES”.

O deputado está certo! É uma postura dura, “radical”, mas correta. Afinal, o BNDES tem sido mesmo o melhor amigo dos “capitalistas de estado”, ou seja, do “socialismo real”. Se desejamos trazer finalmente o liberalismo para o Brasil, para que ele possa realizar seu “milagre” de multiplicação de riqueza, então será preciso declarar guerra ao BNDES. Colocar um presidente sério como Joaquim Levy é um bom começo, mas não basta. O BNDES não deveria existir.

Rodrigo Constantino