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Uma mulher foi presa nesta quarta-feira no Paquistão acusada de torturar e queimar até a morte a própria filha, que casou sem sua permissão. Zeenat Bibi, de 17 anos, foi encharcada de querosene e queimada por sua mãe, Perveen Bibi, em sua casa da cidade oriental de Lahore uma semana depois de se casar, contou o porta-voz policial da região, Matloob Hussain. Esse foi o terceiro crime dessa natureza no período de um mês no Paquistão, onde são comuns os ataques a mulheres que desrespeitam tradições conservadoras relacionadas ao casamento.

O porta-voz explicou que a família pediu à vítima que retornasse à casa após fugir com seu marido para realizar uma cerimônia matrimonial. “Ela não queria retornar para sua família porque temia que a matassem. Mas eu dei permissão depois que um de seus tios garantiu sua segurança. Deixei que fosse”, disse o marido, Hassan Khan, à televisão paquistanesa Geo. Khan disse à polícia que viu como vários familiares a agarravam enquanto a mãe jogava combustível e lhe ateava fogo.

No dia 30 de maio, Maria Sadaqat, professora de 19 anos, foi torturada e queimada viva por um grupo de homens após rejeitar um pedido de casamento do filho do dono da escola onde ela lecionava na cidade de Murree, próxima à capital. Maria morreu em decorrência dos ferimentos na quarta-feira passada, dois dias depois da agressão.

Em meados de maio, moradores de um vilarejo perto de Abbottabad mataram uma adolescente, também queimando-a viva, porque a garota ajudou uma amiga a fugir para se casar sem a permissão da família.

Há tradições a serem conservadas, e outras a serem descartadas. Misturar tudo no mesmo saco para falar de “conservadorismo” como o esforço de preservar qualquer coisa é simplesmente absurdo. As tradições ocidentais, por exemplo, permitiram a realização de uma civilização claramente mais livre e avançada, que respeita o indivíduo e abraça o conceito de tolerância. Ou seja, um conservador inglês não é equivalente a um “conservador” paquistanês, apenas porque ambos desejam “conservar tradições”.

O relato desses crimes chocam, mas chocam quem vive na civilização ocidental. Para os paquistaneses, a coisa já parece mais normal. E é espantoso que “progressistas” que se enxergam como soldados dos “direitos universais” dediquem tão mais tempo e esforço nos ataques aos valores tradicionais do próprio Ocidente, tratando o “homem branco cristão ou judeu” como o maior vilão da História, inimigo das “minorias”.

Eis a pergunta que tais “progressistas” nunca se fazem: onde a mulher é melhor tratada, no Ocidente ou no Islã? Onde os gays recebem tratamento mais digno, no Ocidente ou no Islã? Onde os negros vivem com mais qualidade e liberdade, no Ocidente ou na África? Quando eles responderem essas questões, ficará claro que o “homem branco ocidental” não é o inimigo das “minorias”, e sim seu aliado. Há culturas por aí que ainda consideram normal queimar a própria filha porque casou “com o homem errado”.

Rodrigo Constantino

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