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Não se fala de outra coisa: o The Intercept “interceptou” conversas entre Sergio Moro e Deltan Dallagnol que, segundo a precipitada análise esquerdista, revelavam tramas nada republicanas contra o PT. Não foi bem isso, e ninguém ficará surpreso ao saber que a esquerda mente, ou ao menos deturpa.

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Em primeiro lugar, é preciso falar da fonte. Não se trata exatamente de jornalismo, mas de ativismo ideológico. O fundador do site já declarou que sua missão é destruir Bolsonaro. Trata-se de um aliado de Lula, enfim, fonte nada imparcial.

Dito isso, não adianta atirar no mensageiro e ignorar a mensagem. Mas antes de chegar a ela, é necessário criticar o clima persecutório instalado no país. Há quem aprove ou condene coisas como Wikileaks e vazamentos seletivos dependendo de quem é o alvo. Se expõe meu adversário, é maravilhoso. Se expõe meu aliado, é terrível e criminoso. Isso é tribalismo amoral.

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É por isso que alguns, chamados de “isentões”, condenam ou aprovam com base no método. Os meios importam. E ao passarmos pano em meios obscuros quando os alvos são nossos inimigos, estamos alimentando o monstro que amanhã poderá se voltar contra nós. Não vamos esquecer que os jacobinos degolaram seus criadores, e até Robespierre foi para a guilhotina.

Se essas táticas criminosas merecem ser condenadas sempre, porém, isso não quer dizer que não seja preciso investigar agentes públicos. O mecanismo de “checks & balances” é crucial para impor limites aos agentes do estado também, que jamais devem ter poder absoluto. No filme, o 007 é um grande herói incorruptível. Na realidade, a licença para matar sem maiores explicações seria um perigo. Nem todo aquele que critica eventuais excessos da Lava Jato é defensor de bandido. Essa narrativa maniqueísta é pobre e perigosa.

Por fim, vamos às mensagens: nada demais até agora. Moro pode não ser perfeito, e ninguém o é. Mas foi um juiz que procurou se manter bastante dentro dos limites éticos e legais de sua função. As mensagens vazadas não derrubam esta imagem.

Rodrigo Constantino