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Dia desses li com certa perplexidade uma crítica de um leitor do meu blog. Ele aprecia os textos, que seriam bem elaborados, mas critica sua extensão. Queria textos mais curtos, como as notinhas de um conhecido site, que ele mencionou como parâmetro. Nada contra o poder de síntese, mas confesso: toda a mazela de uma nação se passou em minha mente num piscar de olhos.

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Esqueça as ideologias. Sim, é verdade que o socialismo – a idealização da inveja – é um mal que ainda nos assombra. Esqueça o “jeitinho”. Sim, a malandragem nos custa muito caro, como já expliquei em livro. Esqueça a corrupção. Sim, somos dominados pela bandidagem, por Lulas. Mas eis o momento de epifania após aquela sugestão: tudo isso é meio que consequência do real problema. Qual? O Brasil é um país de preguiçosos!

Calma, calma. Sei que estou sendo injusto com muita gente batalhadora por aí. Mas olha a pressa dando o ar de sua desgraça uma vez mais: já fui julgado antes de explicar! E explico. É óbvio que isso é uma generalização. Portanto, injusta com muitos. Por isso se chama generalização. Mas tem sua utilidade: captura uma tendência, um traço predominante. E quem vai negar que a preguiça tem um passado glorioso e um futuro promissor no Brasil? Brasileiro quase não lê.

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E quando resolve fazê-lo, quer resumo do resumo. Busca o “conhecimento” instantâneo. Acredita nos atalhos para o sucesso, não valoriza a ética do trabalho, a paciência necessária para colher as coisas realmente valiosas na vida. Quer tudo para ontem, sem muito esforço. Deseja o bônus sem o ônus. Quer ficar rico sem se arriscar ou poupar, quer ficar “forte” com anabolizantes, ou magro com remédios.

O clima não ajuda, eu sei. Diversos pensadores, dos bons (Montesquieu) aos maus (Marx), achavam isso. O tropicalismo é um convite ao estilo hedonista de vida. Ainda que não seja determinante, influencia. E como o aspecto cultural não ajuda, e o institucional atrapalha bastante, com seu perverso mecanismo de incentivos que pune o sucesso, o resultado só poderia ser esse: um tentando se dar bem à custa do outro, com esquemas, sindicatos, cargos indicados, empregos. Tudo, menos trabalho.

Até mesmo para reunir milhões nas ruas para coisas sérias, como o impeachment daquela que destruiu o País, foi necessário certo clima de micareta, de diversão. Não levar nada muito a sério é um mecanismo de defesa de quem tem preguiça de pensar sobre as dolorosas soluções. A busca por um messias salvador da Pátria tem a mesma explicação: é preguiça de construir, aos poucos, uma República decente.

Um povo preguiçoso não vai progredir muito. Em defesa do brasileiro, porém, cabe destacar que o Brasil realmente cansa. Mas chega de Nação Miojo. É hora de arregaçar as mangas e fazer algo novo!

Originalmente publicado na revista IstoÉ

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