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Nem aplicativo israelense está preparado para o caos da insegurança no Rio
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Já destaquei aqui a importância de Israel para a tecnologia mundial, sugerindo inclusive o que Luciano Coutinho poderia aprender com a “nação start-up”. O país tem simplesmente mais empresas listadas no Nasdaq do que toda a Comunidade Europeia junta! Um caso a se pensar para aqueles que ficam defendendo o boicote ao país: teriam que abrir mão de uma lista infindável de produtos úteis, algo que os hipócritas sem dúvida não aceitam.

Entre esses tantos feitos de Israel está o aplicativo Waze, que simplesmente substitui e aposenta a necessidade de um GPS tradicional (e caro). Como usuário, posso atestar: o troço é fantástico! Mas tem um detalhe: mesmo Israel, no meio do deserto, cercado por inimigos e terroristas por todos os lados, não está preparado para a realidade carioca.

É que o Waze recomenda as melhores rotas, as mais rápidas, as mais baratas (pedágio), mas não consegue (ainda) se adaptar à realidade do Rio de Janeiro, e recomendar as mais seguras. O caso da atriz Fabiana Karla, que teve seu carro alvejado por tiros de bandidos após seu GPS ter lhe indicado o caminho, mostra como nos acostumamos com o bizarro. Chegamos ao ponto de especialistas recomendarem cautela no uso do GPS:

Na opinião de especialistas, a ferramenta é extremamente útil, mas, devido a problemas de segurança, os usuários devem estar atentos e, na medida do possível, buscar previamente informações sobre o destino desejado.

– Esses aplicativos e aparelhos de navegação informam basicamente as melhores rotas a partir da localização do motorista. Os serviços utilizam mapas que são atualizados para informar mudanças de rotas e caminhos mais curtos, porém poucos informam se o local é de risco. Se o motorista nunca foi a um determinado lugar, deve se informar sobre os locais pelos quais passará. E precisa optar sempre pelas vias principais, não vicinais – aconselha o coordenador do Laboratório de Processamento de Sinais (LPS) da Coppe, engenheiro elétrico Paulo Sérgio Diniz.

Para o presidente da Comissão do Direito dos Transportes da OAB-RJ, Jonas Lopes de Carvalho Neto, o problema está na falta de segurança, não nos serviços de navegação. Ele criticou a ausência de uma sinalização clara em áreas perigosas:

– No Brasil, há uma resistência, por parte das autoridades, para informar as áreas de risco. Isso não acontece em cidades como Paris e Londres. E, se não há informação oficial, não acredito que as empresas de aplicativos vão assumir que tal comunidade é de risco, o que poderia dar origem a processos judiciais movidos por associações de moradores ou comerciantes que se sentissem prejudicados pelo alerta. O melhor é o usuário buscar informações sobre o trajeto e mudar de rota sempre que notar que está entrando em um lugar de pouco visibilidade.

A que ponto chegamos, minha gente? Primeiro, que se os aplicativos de GPS tiverem que se adaptar aos locais perigosos da “cidade maravilhosa”, vão restar poucas rotas livres e seguras. Aliás, elas existem mesmo? Segundo, que temos essa mania de ufanismo boboca que não permite críticas diretas, e preferimos fingir que o problema não existe simplesmente o ignorando.

Nada de alertar para locais mais perigosos. Isso ofende a sensibilidade regionalista (provinciana?) dos cariocas e também a esquerda igualitária, que não aceita constatar que favelas, digo, comunidades sejam locais extremamente perigosos, e não ambientes rousseaunianos repletos de “bons selvagens” vivendo em plena harmonia.

E assim seguimos, com os motoristas cortando caminho no trânsito caótico e infernal do Rio, apenas para caírem nas balas dos bandidos que dominam vastos territórios da “cidade maravilhosa”. Tudo muito charmoso e cool, pois ao ritmo de pagode e com muitas bundas de mulatas rebolando para melhorar a paisagem. Viva o Rio! Um local abençoado e livre dos “coxinhas”, capital nacional da malandragem e da esquerda caviar!

Rodrigo Constantino

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