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O Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) aumentou em 0,50 ponto porcentual, para 10,50% ao ano, a taxa básica de juros (Selic) nesta quarta-feira, em decisão unânime, sem viés – ou seja, a decisão é válida até o próximo encontro, em fevereiro de 2014. Trata-se da sétima elevação consecutiva do juro básico da economia desde o início do ano passado. A trajetória de alta teve início em abril, quando a autoridade monetária subiu a Selic de 7,25% (mínima histórica) para 7,5%. As previsões sobre a decisão desta quarta dividiram analistas, que também apostavam em elevação de 0,25 ponto porcentual, aguardando uma redução no ritmo de alta. Trata-se da maior taxa de juros desde janeiro de 2012.

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No comunicado ao mercado, o BC incluiu a expressão “neste momento”, o que passa a mensagem de que está refém dos próximos dados e pode estar terminando o processo de aperto. Diz o comunicado: “Dando prosseguimento ao processo de ajuste da taxa básica de juros, iniciado na reunião de abril de 2013, o Copom decidiu por unanimidade, neste momento, elevar a taxa Selic em 0,50 p.p., para 10,50% a.a., sem viés”.

Trata-se de um comunicado mais dovish, ou seja, suave, de quem não está mais muito determinado a extirpar a inflação custe o que custar. Possivelmente os próprios membros do Copom acreditam nas desculpas que o governo usa para justificar a elevada inflação, como a alta nos alimentos, que seriam o vilão do momento. Essa é uma análise equivocada da situação.

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O principal problema é mesmo o setor de serviços como um todo. A pressão inflacionária é fruto de uma política fiscal expansionista, de um governo que só aumenta gastos públicos, e que ainda perdeu totalmente a credibilidade, pois apela para malabarismos contábeis o tempo todo.

A política de crédito público também adiciona mais lenha na fogueira. O mercado de trabalho está bastante apertado, com a taxa de desemprego ainda em patamares mínimos históricos. Parte disso se deve, provavelmente, ao próprio assistencialismo do governo, que retira gente do mercado de trabalho. Com menos gente procurando emprego, os salários ficam pressionados.

Como disse o economista Alexandre Schwartsman, se o preço do arroz com feijão subiu nos restaurantes, isso se deve menos ao próprio arroz com feijão, e mais ao salário do garçom e do cozinheiro, ao transporte do alimento, ao aluguel do estabelecimento, etc. Ou seja, temos uma inflação estrutural de serviços, que não dará alívio tão cedo.

O governo errou antes, ao desqualificar os críticos de sua política fiscal e monetária e garantir que a inflação não seria um problema, e erra agora, ao insistir em bodes expiatórios pontuais em vez de enxergar o grande quadro. Isso tudo sem falar dos constantes congelamentos de preços administrados pelo próprio governo, o que mascara a inflação real e afeta a credibilidade do governo ainda mais.

Claro que o certo seria o combate à inflação não depender tanto do BC, e contar com a ajuda do governo na parte fiscal e dos bancos públicos na expansão de crédito. Mas como a ajuda do outro lado não vem, o BC deveria demonstrar mais coragem e independência para agir com firmeza, ser mais hawkish, sinalizar que a taxa de juros vai subir até onde for preciso para debelar de vez o dragão inflacionário.

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Não foi isso que o BC fez. Como resultado, a taxa DI do mercado futuro continua pressionada, mostrando que os investidores estão receosos de que vem mais inflação à frente, e o BC terá que correr atrás do prejuízo. O BC estaria, portanto, atrás da curva de juros, incapaz de quebrar as expectativas de alta dos investidores.

O barato sai caro. Quando o governo Dilma achou que era possível derrubar a taxa de juros na marra, no grito, perdeu o controle da inflação e agora se vê na delicada situação de aumentar os juros em ano eleitoral. Se insistir nos mesmos erros e parar antes da hora o aumento da Selic, a inflação seguirá sua tendência de alta e o aumento dos juros na frente terá de ser ainda maior.

As leis econômicas não são sensíveis ao populismo eleitoral. Elas podem ser mascaradas por algum tempo, mas inexoravelmente cobram o preço pelo desleixo. Com juros, literalmente.

Rodrigo Constantino

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