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O desespero de FHC e seu chamado ao “radicalismo” dos “progressistas”
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O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, em minha opinião, tem acertado no diagnóstico, mas errado na receita. Com medo da “onda conservadora” e de um clima pré-revolucionário no país, ele tem proposto uma grande coesão do “centro progressista”, ou seja, da esquerda menos radical. Seria a última alternativa para o establishment evitar uma “aventura” mais extremista, leia-se uma vitória de Jair Bolsonaro.

Em sua coluna de hoje no GLOBO, FHC volta ao tema, subindo o tom do desespero e propondo um “radicalismo” maior dos “progressistas”. Na prática, o que ele gostaria de ver é uma concessão tática da esquerda a algumas pautas tidas como de direita. Ou seja, ele quer que esses esquerdistas mais “civilizados” tenham a ousadia de se afastar um pouco dos seus primos carnívoros para não deixar o espaço todo ser ocupado pela direita. Diz ele:

O Brasil exige: sejamos radicais. Mas dentro da lei: que a Justiça puna os corruptos, sem que o linchamento midiático destrua reputações antes das provas serem avaliadas. Não sejamos indiferentes ao grito de “ordem!”. Ele não vem só da “direita” política, nem é coisa da classe média assustada: vem do povo e de todo mundo. Queremos punição dos corruptos e ordem para todos, entretanto, dentro da lei e da democracia.

O país foi longe demais ao não coibir o que está fora da lei, o contrabando, o narcotráfico, a violência urbana e rural, a corrupção público-privada. Devemos refrear isso mantendo a democracia e as liberdades antes que algum demagogo, fardado ou disfarçado de civil, venha a fazê-lo com ímpetos autoritários.

Só com soldados armados se enfrentam os bandidos, eles também com fuzis na mão. Se não há mais espaço para a pregação e a condescendência, tampouco queremos, entretanto, que a arbitrariedade policial prevaleça.

[…] Entende-se a motivação dos sem-teto, como também a dos sem-terra. Mas fora da lei, o que era propósito de reconstrução se transforma em instrumento de deterioração. Há que dar um basta a tanta desordem. Façamo-lo com a Constituição nas mãos, antes que outros o façam, em nome da ordem, mas sem lei.

[…] É para isso que precisamos formar um “Polo Popular e Progressista”. Por popular entenda-se que respeite a dinâmica dos mercados, pois vivemos em um sistema capitalista, mas que saiba que ela não é suficiente para atender às necessidades de toda a população. Por progressista entenda-se que este bloco seja consciente das transformações produtivas e políticas do mundo, que tenha coragem de viver nele tal como ele é, e que preserve a crença no Brasil como nação.

Percebe-se o “morde e assopra” do começo ao fim. É o desespero de um social-democrata, de um socialista light, vendo a hegemonia esquerdista disputada entre seu PSDB e seus primos raivosos do PT indo por água abaixo, varrida pela tal “onda conservadora” (que apavora FHC bem mais do que um risco de volta do próprio PT ao poder, ou de um genérico qualquer como Ciro Gomes). É a angústia de um típico tucano em cima do muro, fazendo concessões ao capitalismo, mas tentando preservar o esquerdismo.

“Entende-se a motivação dos sem-teto”, diz ele, mas não pode ser “fora da lei”, completa. Um tucano é aquele que pensa que vai conseguir os votos da esquerda se for “compreensivo” com os criminosos do MST, assim como terá o voto da direita, que sempre foi refém desses tucanos para evitar o mal maior, o PT. Não mais! E é essa mudança que ainda não foi bem digerida por FHC e seus companheiros.

O povo brasileiro cansou, e não quer alguém que “entenda” o MST, e sim alguém que defenda o direito inalienável de legítima-defesa do produtor rural, alguém que diga, por exemplo, que vai defender seu direito de ter armas para reagir à bala se preciso aos invasores. É esse sujeito que vai conquistar os produtores rurais e todos aqueles à direita que entendem esse direito básico e condenam os invasores do MST e MTST.

Essa “tolerância” excessiva dos tucanos para com os extremistas socialistas já deu, e a população percebe o jogo pusilânime, quase cúmplice de quem posa de moderado, mas acaba defendendo por omissão ou mesmo simpatia bandidos que deveriam estar presos. Essas pessoas, associadas à direita, não estão clamando por ordem à custa da legalidade, pedindo o arbítrio; estão justamente exigindo a lei para todos, inclusive os marginais sempre protegidos pela esquerda.

O “Polo Popular Progressista” de FHC, portanto, é um engodo, pois é uma união entre esquerdistas, sendo que foi o esquerdismo que trouxe o Brasil a esse caos atual. O povo brasileiro quer uma guinada à direita, quer endurecer com bandidos, quer punir corruptos, quer enaltecer o papel da polícia, não repetir a ladainha de “direitos humanos” daqueles que, na prática, tratam assassinos como “vítimas da sociedade”.

Ironicamente, na página seguinte ao artigo de FHC havia uma reportagem sobre o “núcleo duro” de Marina Silva, uma das candidatas desse suposto “polo progressista”. Ela, que veste literalmente o boné do MST, tem ex-petistas como confidentes em seu “seleto circuito de colaboradores para a campanha”. Gente como Randolfe Rodrigues e Heloísa Helena compõem “o diminuto exército de políticos que continuam na trincheira ao lado de Marina”. Heloísa Helena!

É esse o nome que FHC considera adequado para evitar a escolha entre o “ruim e o menos pior”? Pois são esses os nomes do tal “centro progressista”: socialistas envergonhados, mas ainda assim socialistas. Isso só pode ser considerado centro no Brasil mesmo, um país que, segundo a mídia, nem tem extrema-esquerda, chama o PSDB de direita, e qualquer um realmente à direita de “extrema-direita”. É uma piada!

Chega a ser comovente o apelo de Fernando Henrique para que todos (à esquerda) se unam em torno de um nome para evitar o “pior” (a direita). Resta só combinar com o povo. Esse, afinal, cansou desse câncer esquerdista e quer endireitar o país para valer agora…

Rodrigo Constantino

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