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O embuste verde e amarelo de Haddad
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Por Lucas Berlanza, publicado pelo Instituto Liberal

Já sustentei mais de uma vez neste espaço minha posição pessoal favorável à importância do patriotismo, a meu ver perfeitamente compatível com uma concepção liberal constitucional e econômica de Estado. Respeito e admiro um verdadeiro patriota, que é o que também procuro ser. Por isso mesmo, repudio com ainda mais vigor aqueles que, para disfarçar suas pretensões tirânicas, totalitárias e afrontosas às liberdades individuais, se travestem das nossas cores pátrias para, em vez do brado de liberdade do Ipiranga, semear o caminho da servidão.

A notícia que chamou a atenção neste começo de segundo turno é o esforço do Partido dos Trabalhadores para apresentar a candidatura de Fernando Haddad sob nova forma. Primeiro, determinando-se que ele não visite mais o presidiário Lula da Silva na cadeia, minimizando a imagem de “poste” e “capacho” de que foi acertadamente investido. Em seguida, desdizendo em rede nacional a proposta em seu plano de governo socialista de que promoveria um plebiscito para a Constituinte exclusiva e evitando entrar em detalhes sobre o plano econômico.

O maior embuste veio no abandono do tradicional vermelho do PT para estampar o verde e o amarelo brasileiros. O senador petista baiano Jacques Wagner justificou: “A bandeira do Brasil é de todos nós. A gente não pode entregar graciosamente para eles o que é um símbolo do país”.

Wagner está agora preocupado em que “eles” – ou seja, nós, os liberais, conservadores e antipetistas em geral – sequestrem para si os símbolos nacionais, quando estes deveriam abranger a todos. O que Wagner convenientemente olvida é que não houve sequestro algum; as cores pátrias estavam mais para pobres órfãs que encontraram em nós os manifestantes políticos dispostos a valorizá-las.

Afinal, se fosse depender dos petistas até ontem, tudo que veríamos seriam mares de vermelho. Os emblemas partidários para eles eram tudo; Lula, inclusive, como presidente da República, em encontro oficial com George Bush, estampou a insígnia do partido, como se, mesmo como Chefe de Estado, representasse menos a nação que a sigla pela qual se elegeu.

Camisas da CBF, sair de verde e amarelo para protestar – tudo isso era coisa de “coxinha”. Pior: como não vestíamos trajes de partidos, nossas manifestações eram automaticamente movimentos fascistas que pretendiam dissolver o sistema institucional e restaurar a ditadura militar (!). Qualquer movimento que se recusasse a reconhecer que o partido tinha mais importância que a nação e que o PT havia inventado a justiça social sobre os sofridos trópicos tupiniquins era um inimigo da democracia.

Não se viu qualquer reclamação sobre isso. Durante muito tempo desde o fatídico Junho de 2013, essa obviedade se estampou como fato consumado nas ruas de todo o Brasil: de vermelho, eram eles; de verde e amarelo, éramos nós. Nunca fizeram questão de reivindicar o que jamais valorizaram.

O próprio Fernando Haddad fez muito pior em 2016: expeliu a bandeira do Brasil da principal avenida de São Paulo como se fosse sujeira. A Comissão de Proteção à Paisagem Urbana da Prefeitura proibiu a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo naquele ano de projetar o “lindo pendão da esperança” sobre seu prédio porque tal gesto teria “cunho político” de apoio ao movimento do impeachment de Dilma, então em curso no Senado, e feriria a Lei Cidade Limpa. “A bandeira pode ser colocada, mas se houver um contexto. Da maneira como está sendo usada é com cunho político”, argumentou-se.

O descumprimento de tal determinação absurda, que transforma o pavilhão pátrio em “poluição visual”, mereceria punição por multa, valendo até em datas comemorativas. Perguntei-me à época se estampar a bandeira do PT seria visto igualmente como imundície… A determinação da Prefeitura de Haddad fazia mais do que desprezar um dos símbolos mais importantes do Brasil: assumia como verdade que esse símbolo pertencia, naquelas circunstâncias, a um determinado partido ou segmento de ideias na discussão, e não propriamente a todos os cidadãos, incluindo os defensores de Dilma e do PT. Ele praticamente assumia que o verde e o amarelo eram “nossos”.

Com que desfaçatez quer agora, para tentar subtrair votos de Jair Bolsonaro, posar de seu ardoroso cultivador? O PT precisa ser lembrado de que os atos dizem mais do que panfletos, novas cores ou novos slogans.

Atos como os que se deram na Universidade Federal de Pernambuco no último dia 9, quando vaias e insultos foram dirigidos aos espectadores de uma sessão do filme “Bonifácio: O Fundador do Brasil” e o professor responsável pela organização, o prezado Rodrigo Jungmann, foi agredido. Muitos dos responsáveis pela hostilização trajavam adesivos e camisas de Lula e Haddad.

É esse o verdadeiro PT: o de acéfalos lobotomizados pela doutrinação ideológica que não conseguem admitir uma sessão cinematográfica sobre um dos fundadores do país. É como se lunáticos americanos considerassem algum tipo de fascismo exibir numa universidade um filme que presta tributo a George Washington.

Não podendo escrever uma nova Carta ao Povo Brasileiro, o PT tenta vestir fantasias para ludibriar os incautos. Não pode e não vai funcionar. O rei está nu – e atrás das grades.

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