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O Brasil cansa. E também nos envergonha. A imprensa internacional relata casos de nossa burocracia com total incredulidade, pois vivemos numa verdadeira República Cartorial. É de enlouquecer qualquer empreendedor. E como é o empreendedorismo que cria riqueza, parece um tanto óbvia a causa de nossa relativa pobreza, não é mesmo? O Brasil trata muito mal seus potenciais empreendedores, inclusive aqueles que chegam de fora com dólares para investir.

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Vejam esse caso noticiado pela Bloomberg, de um imigrante de Nova York que queria apenas abrir uma pequena pizzaria – minúscula, para ser mais preciso, com apenas dez lugares – no Rio de Janeiro. É tão surreal a saga do rapaz que pensamos estar lendo um livro de Kafka. Sei Shiroma, o imigrante de 29 anos, considera a fase que enfrentou nossa burocracia como a pior de sua vida. Ele afirma que ainda está se recuperando emocionalmente de tudo que passou.

A reportagem cita a nossa recessão atual, a pior em 25 anos, a dívida pública explosiva, o escândalo do petrolão, mas acrescenta o fator burocrático como uma das causas principais dos nossos problemas. E está certa! É um dos fatores que mais dificultam o investimento no país, assim como a falta de poupança, já que 40% de tudo que é produzido é dragado para consumo estatal. De 180 países, o Brasil ocupa a vergonhosa 120posição no ranking de “doing business” do Banco Mundial, que mede a facilidade de se fazer negócios num país.

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Nicarágua e Líbano são mais fáceis do que a gente. Para abrir um negócio em São Paulo, o empreendedor gasta mais de cem dias. Nos Estados Unidos, no máximo 4 dias. Em alguns países é o no mesmo dia! Já o alvará para construção e obras pode levar mais de um ano no Brasil, o que é simplesmente ridículo! Como resultado, somos o país das propinas, e investimos menos de 18% do PIB, muito aquém do necessário para crescermos de forma sustentável.

São mais de 13 mil cartórios espalhados pelo país, segundo a reportagem. Tudo precisa passar por eles, ter firma reconhecida. É a sociedade da desconfiança, em que a premissa básica é que só há “malandros” e “oportunistas”. Bem, talvez até seja o caso, mas resta saber quem nasceu primeiro: o ovo ou a galinha? É uma simbiose, na verdade, já que o próprio modelo burocrático estimula o “jeitinho”.

Por trás disso tudo está a mentalidade brasileira típica que desconfia do setor privado, do lucro, do empresário, e delega ao estado, visto como um “messias salvador”, a função de promover a “justiça social” e ser a locomotiva do progresso. O brasileiro médio odeia os políticos, mas ama o estado como abstração. E é essa visão que permite o avanço do aparato burocrático. As pessoas acham que sem os fiscais e vigilantes a Wal-Mart vai entrar no Brasil para vender comida estragada e vencida!

Shiroma finalmente conseguiu abrir sua pequena pizzaria, depois de muito sacrifício e esforço. Se ele for expandir seus negócios, não será no Brasil, mas em outro país mais amigável com os empreendedores. É nossa mentalidade esquerdista expulsando aqueles que criam riquezas e empregos. Afinal, a esquerda nunca soube criar nada mesmo; só sabe avançar sobre aquilo que já foi criado por outros. A esquerda olha a pizza feita e demanda sua enorme fatia, em nome da igualdade. Resta saber quem ainda vai encarar o fardo de meter a mão na massa…

Rodrigo Constantino

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