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Por Jarbas Agnelli

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O petista instruído é um sujeito extremamente avançado. Paira acima de nós, homens comuns, muitíssimo à frente de seu tempo. O petista instruído é uma entidade do futuro. Isso faz com que nós, míseros seres do presente, não encontremos nexo em suas frases ou lógica em seus pensamentos. O petista instruído vibra em outra frequência, fala em outro idioma. Nossa mente primitiva não é aparelhada para compreendê-lo. Se pudéssemos absorver, mesmo que por um segundo, a beleza de seu raciocínio superior, provavelmente nossos cérebros explodiriam.

Nós, seres das trevas, não entendemos quase nada sobre nada. Vagamos sem rumo, perdidos em um imenso oceano de dúvidas e inquietações. Enquanto isso, o petista instruído segue seguro por terra firme, olhos fixos no horizonte, carregando nas costas sua mochila vermelha, abarrotada com todas as respostas que ele precisará, pelo resto de sua existência.

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O petista instruído enxerga o todo. Lê nas entrelinhas. Ouve o não dito. Entende o sub texto. Qualidades que o resto de nós nem sonha em um dia possuir, grotescos e abrutalhados que somos. Seres literais, que acreditam apenas nos fatos como se apresentam. Falta-nos a sua sensibilidade e capacidade de interpretação.

O petista instruído sabe selecionar e processar informações. Ele quer, como o resto de nós, o fim da corrupção, um Brasil mais justo e um governo mais eficiente. Mas não perde seu tempo chutando para todos os lados, como nós, pobres almas perdidas, que atacamos de Dilma a Cunha, de Renan a Aecio, mergulhados em uma confusão sem fim. O petista instruído otimiza seu tempo, usando seu foco apurado para criticar apenas quem tem que ser criticado. Sua análise é precisa e sua timeline, minimalista e econômica.

O petista instruído não se prende à picuinhas. Detalhes, como PIB negativo, o número de desempregados ou o rombo de 2,4 trilhões. Discussões meramente matemáticas do dia a dia são preocupações de gente que não tem a visão de longo alcance do petista instruído. Ele sabe que no fim tudo dará certo. E se não der, terá um boa explicação para isso.

Mas nem tudo são rosas na vida do petista instruído. Estar a frente de seu tempo não é uma tarefa fácil. Carregam o fardo de serem ilhas de respostas, cercados de ignorantes por todos os lados: pessimistas, alarmistas, gente cega e despreparada. A missão suprema do petista instruído é distribuir um pouco do bálsamo de seu conhecimento profundo. O petista instruído se sacrifica por sua nobre causa, doando horas e horas diárias de tempo nas redes sociais, para nos ungir com a benção de seus comentários iluminados.

O petista instruído é humilde. Raramente é visto assumindo sua petistice. “Não sou petista, mas…” é uma das formas que inicia suas pequenas aulas gratuitas, sem se gabar de sua superioridade.

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Incompreendido por nós, enorme maioria obtusa, e muitas vezes rechaçado em público, o petista instruído não titubeia, e segue triunfante com seu pacote de certezas, em sua missão civilizatória e educadora. Eles são poucos, mas estão espalhados por muitas esferas. São artistas, escritores, atores, cineastas, articulistas, músicos etc, que nos mostram que, além de um conhecimento profundo, é preciso muita sensibilidade para atingir o nirvana da compreensão política e humana.

Louvemos então este ser superior, o petista instruído, que flutua tranquilo acima das hordas de desesperados. Paremos de resistir à melodia, para nós estridente, que sai de sua flauta escarlate, e sigamos, crianças, atrás do petista instruído – o petista de Hamelin. Se ele nos leva, aparentemente, ao precipício e à morte, é apenas senão pela mais nobre das causas: para que renasçamos todos em um mundo melhor, que só ele consegue enxergar a existência.