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Por Thiago Kistenmacher, publicado pelo Instituto Liberal

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Impeachment de uma presidente despreparada e integrante de uma máfia política; posse de um novo presidente; depois o nome dele citado em investigações; Trump X Hillary; Bolsonaro X Jean Wyllys; novela em torno do presidente do STF. Cansa ter que defender esta ou aquela posição. Cansa ver o debate entre esquerda x direita e as confusões que emergem dessa simplificação entre os posicionamentos políticos. Por fim, cansa até mesmo ouvir falar disso tudo, mas é exatamente quando a política não está boa que temos que pensar nela.

Se a esquerda revolucionária cansa, a direita moralista também; se a direita que quer falar latim até no café da manhã está vivendo um mundo paralelo, a esquerda que quer voltar ao bolchevismo vive em outro. Isso tudo satura. O que resta é nadarmos até as pequenas, mas ainda resistentes ilhas de sensatez que ainda não foram atingidas pelos tsunamis das paixões políticas.

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Certa vez disseram a Russell Kirk que a política seria a preocupação ou o passatempo dos analfabetos. Assim, Kirk teria respondido que seria exatamente por isso que não poderíamos largá-la nas mãos deles. Concordo, e é por isso que tanta gente, ainda que veja a política como um mal necessário, continua brigando para evitar que os monomaníacos paranoicos destruam o que sobrou.

Gostar de política é um tanto quanto difícil e muitas vezes ela serve para preencher vazios existenciais de sujeitos que precisam diluir sua personalidade problemática em algum rebanho, seja ele qual for.

Enfim, dado esse cenário desolador cuja trilha sonora é um montante de slogans que são inadvertidamente repetidos por todos os cantos, pergunto: o que fazer?

Acredito que o que resta é continuar lendo e estudando os clássicos da política, e agora, também acompanhando aqueles poucos sujeitos, atuais formadores de opinião, que ainda conservam o bom senso. Mas o que seria isso? Bem, nem é preciso dizer que qualquer um que creia ter a solução para o mundo no seu blog ou perfil de Facebook não deve constar entre eles.

Sorte nossa que existam uns e outros com “estômago de aço” e com credibilidade que não cansam de refutar falácias e mais falácias, sejam elas econômicas ou não.

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O que nos resta é ter paciência e, apesar de ser quase impossível pensar que as coisas irão melhorar, devemos admitir que o pensamento público e mesmo dos jovens estudantes têm mudado bastante. Não costumo ser um exemplo de otimismo, mas pessimismo absoluto quando vemos o liberalismo e até certo conservadorismo – me refiro ao de boa estirpe, como diria Constantino – emergindo entre a juventude, seria contrassenso.

É claro que liberais ou conservadores não vão salvar o mundo, mas pelo menos não farão esforços para destruí-lo.

Tenhamos paciência. Enfim, em meio a tantas discussões extenuantes, para tomarmos fôlego, ainda nos é possível recorrer à arte, à boa literatura, à filosofia. É preciso equilibrar as coisas, ainda que elas estejam caóticas e causem nojo. Aproveitemos o final do ano para isso, sem esquecer, evidentemente, que apaixonados políticos e sectários não tiram férias.