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Por Flavio Quintela

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O Super Bowl é, para mim, a aplicação perfeita do espírito americano ao esporte.

Pra começar, o esporte em si, futebol americano, é um primor. Exige doses igualmente importantes de inteligência, tática, força, trabalho de equipe e brilhantismo individual. Não há espaço para enganação, para catimba, para jeitinhos. O esquema de arbitragem, com revisões eletrônicas e múltiplos árbitros, eliminam a possibilidade da malandragem em campo. O futebol americano é para ser jogado com inteligência, não com esperteza.

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A liga também é muito bem montada. Os melhores novatos são distribuídos justamente para suas primeiras temporadas, e os times alternam períodos vitoriosos com períodos sem títulos. Qualquer um pode dar a sorte de escolher um futuro Brady ou Montana. Essa estrutura impede que meia dúzia de “clubes grandes” dominem o esporte por décadas e décadas.

O esquema de acesso dos atletas também é invejável: uma rede de universidades de primeira linha que oferecem estudo de qualidade aos atletas que se destacaram na época do ensino médio. São incontáveis casos de garotos sem condições financeiras de cursar uma boa universidade, e que o fazem amparados em suas habilidades esportivas. Cabe uma nota importante: esse tipo de bolsa de estudo estende-se a quase todas as modalidades esportivas praticadas nos EUA; e, para quem não tem esse tipo de talento, abundam as bolsas para jovens de destaque no campo intelectual.

O campeonato é organizado, lucrativo, sem violência, voltado à família, e com uma final de cair o queixo. O jogo que define o campeão dentre os campeões das duas ligas nacionais não é apenas o evento de maior audiência na TV americana, mas também um verdadeiro show em todos os sentidos.

Os comentaristas, a maior parte deles atletas aposentados, mostram uma capacidade intelectual impensável para o jogador de futebol médio do Brasil. Exatamente porque ninguém joga na NFL sem ter se formado em uma boa universidade antes. Aliás, ninguém abandona a escola para se tornar astro do esporte aqui nos EUA.

Por último, esse esquema todo é privado. Não tem dinheiro de impostos, não tem dedo do governo. É um grande empreendimento onde todos ganham: os empresários ganham dinheiro, os atletas ganham fama e dinheiro, os espectadores ganham diversão e os patrocinadores ganham clientes. Até o governo, que não se mete no negócio, ganha com a movimentação econômica gerada pela NFL.

Dito isso tudo, só me resta agora me divertir com o espetáculo que começa em poucas horas. Que vença o melhor.

Comentário do blog: O texto do Flavio foi postado antes do jogo, e agora vimos que, de fato, o melhor venceu. E que vitória! Os Patriots pareciam completamente perdidos, os passes de Tom Brady não acertavam seus companheiros, e os Falcons de Atlanta davam uma lavada. A derrota parecia certa para os Patriots. Mas os guerreiros mantiveram a calma e a frieza, voltaram a se organizar com determinação, colocaram tudo nas próximas jogadas, e fizeram o que parecia impossível: viraram o jogo! Desistir, jamais!!!