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Eles não existem, vagam como almas penadas sem direito ao reconhecimento pela Comissão Nacional da Verdade, nome pomposo e orwelliano típico de regimes autoritários e arrogantes. Falo das 126 vítimas dos guerrilheiros comunistas nas décadas de 1960 e 1970, pessoas inocentes mortas por assassinos como Marighella e Lamarca, hoje retratados como heróis pelos que estão no poder.

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Os militares divulgaram uma lista com seus nomes, para que não caiam em esquecimento. Diz a mensagem: “In Memoriam. Os clubes Naval, Militar e de Aeronáutica prestam homenagem póstuma aos 126 brasileiros que perderam suas vidas pelo irracionalismo do terror, nas décadas de 1960 e 1970. Suas histórias, absurdamente, foram desprezadas pela Comissão Nacional da Verdade. Um desrespeito às suas memórias e aos seus familiares. Roga-se uma prece por suas almas.”

Vítimas como o jovem soldado Mário Kozel Filho, ou então esse caso relatado hoje no GLOBO:

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O guarda civil Cardênio Jayme Dolce, já aposentado, chefiava a segurança da Casa de Saúde Doutor Eiras, em Botafogo, quando o hospital foi invadido por um grupo armado. Aquele 2 de setembro de 1971 entraria para a história como um dos dias mais sangrentos da luta armada no Brasil. Um grupo da Aliança Libertadora Nacional (ALN), uma das mais estruturadas organizações da guerrilha urbana, pretendia assaltar o carro-forte que trazia o pagamento dos funcionários, mas os guardas liderados por Jayme reagiram e houve intenso tiroteio. No final, três guardas, entre os quais o chefe da segurança, estavam mortos.

[…]

O comerciante Jayme Dolce, filho do guarda civil, garante que o pai não tinha qualquer atuação política quando foi baleado no assalto a Doutor Eiras. Ele disse que, com o assassinato, a mãe, aos 36 anos, teve de assumir sozinha o desafio de criar quatro filhos sem ter recebido qualquer indenização pela morte, apenas os direitos trabalhistas. Também morreram na ação da ALN os seguranças Dermeval Ferreira dos Santos, que deixou 10 filhos, e Sílvio Amâncio dos Santos, com sete filhos.

Será que as vítimas dos terroristas não contam? Será que a busca pela verdade dessa época não inclui saber o que aconteceu com as vítimas dos que desejavam implantar uma ditadura comunista no Brasil? Por que um estudo tão parcial sobre essa época traumática de nosso país, quando todos que estudaram história sabem que havia demanda popular pela intervenção militar, pois a população ordeira não aguentava mais os defensores de Cuba espalhando a desordem?

Nada disso, claro, justifica o que foi feito pela ditadura, os abusos, excessos e torturas. Mas apontar apenas para esse lado, ignorando o outro, arrasa com qualquer possibilidade de levarmos a sério o trabalho da Comissão da Verdade. Fica parecendo peça de propaganda ideológica da esquerda, que hoje está no poder.

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Reinaldo Azevedo foi mais direto, e disparou logo no título de sua coluna de hoje na Folha: Comissão Nacional da Farsa. Diz o jornalista:

A revisão da Lei da Anistia é uma aberração jurídica. Uma comissão oficial da verdade é, por definição, uma comissão da mentira oficial. Serve a causas políticas, a grupos ideológicos de pressão e à consolidação de mistificações convenientes. Só não serve aos fatos.

[…]

Os humanistas decidiram que alguns cadáveres não merecem nem sepultura histórica. Os assassinatos cometidos por terroristas não ocuparam o tempo dos donos da verdade. Segundo eles, são 434 os mortos e desaparecidos. As 120 pessoas eliminadas pelo terrorismo viraram esqueletos descarnados também de memória. Como? Não são 120? Isso é papo de milico? Por que os valentes da comissão não investigaram?

[…]

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Pais de família inocentes sumiram do mapa dos fatos. Contumazes assassinos, como Marighella e Lamarca, ocupam o panteão dos heróis. Esse relatório é um lixo moral.

Difícil discordar. Ninguém precisa aplaudir o regime militar – algo que eu jamais faria – para compreender que essa tentativa de se reescrever a história é nefasta. Mas resta ao menos um consolo: apesar de tanta propaganda contra as Forças Armadas por parte da esquerda e do governo, o fato é que elas ainda gozam da confiança do povo brasileiro, em primeiro lugar no ranking das instituições confiáveis. Já não podemos dizer o mesmo dos políticos…

Rodrigo Constantino