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A podridão moral é a pior de todas.
A podridão moral é a pior de todas.| Foto:

O ser humano reage a incentivos, e por isso mesmo os liberais entendem que duas coisas são fundamentais para se reduzir a corrupção na sociedade: diminuir o tamanho e o poder do estado, e combater a impunidade. Não devemos esperar que santos abnegados cheguem ao poder, pois isso é ingênuo e utópico. É preciso tornar a corrupção menos tentadora (menor poder e menos recursos transitando pelo estado) e mais custosa (punição exemplar para quem for pego roubando).

Dito isso, há uma terceira variável tão importante quanto essas duas, e que normalmente os liberais deixam de lado, enquanto os conservadores batem nessa tecla. Falo dos valores morais, da ética disseminada pela sociedade, dos pilares da boa formação individual, como famílias bem estruturadas e hábitos e costumes saudáveis como a norma. Isso está ameaçado hoje, com o relativismo moral e a dissolução da família.

É o que alerta Carlos Alberto Di Franco em sua coluna de hoje no Estadão e na Gazeta do Povo, tomando como pano de fundo o caso assustador da carne podre vendida por frigoríficos em conchavo com fiscais:

Uma das causas dos crimes e dos desvios de comportamento que castigam a sociedade brasileira é, sem dúvida, a certeza da impunidade. O criminoso sabe que a probabilidade de um longo período de reclusão só existe na letra morta da lei. O Brasil, como bem sabemos, não padece de anemia legal. O nosso drama é a falta de eficácia na aplicação da lei.

Mas há, estou convencido, causas ideológicas mais profundas para o eclipse da ética e para a explosão das ações criminosas. O relativismo ético e a ausência de limites estão na raiz da patologia social.

Há no cerne da crise uma profunda raiz ideológica. Na verdade, as bases racionais da modernidade foram minadas pelo relativismo. Rompeu-se, dramaticamente, o nexo de união entre vontade e razão. Dessa forma, as pessoas passaram, no seu comportamento prático, a confundir gosto com vontade, sem conseguir captar as profundas diferenças existentes entre ambos. Por isso, cada vez mais o gosto, o capricho, o prazer (incluindo as suas manifestações mórbidas e doentias) passaram a impor sua força cega. Um dos traços comportamentais que marcam a decomposição ética da sociedade é, efetivamente, o desaparecimento da noção da existência de relação entre causa e efeito. A responsabilidade, consequência direta e lógica dos atos humanos, simplesmente desapareceu. O fim justifica os meios. Sempre. Trata-se da consequência lógica do raciocínio construído de costas para a verdade e para a ética. O político não tem limites na busca do poder. O burocrata avança no dinheiro público. E alguns empresários vendem carne estragada para aumentar a lucratividade do negócio. É terrível, mas é assim.

Se não houver uma profunda renovação moral da sociedade, seguiremos arando no mar. O relativismo ético e a ausência de limites estão no cerne. O nó está aí. Se não tivermos a coragem e a firmeza de desatá-lo, assistiremos a uma espiral de comportamentos criminosos e antiéticos sem precedentes.

Concordo com o autor. Vivendo num país em que não só as leis valem mais e o crime é punido com maior rigor, como os valores morais ainda não se perderam completamente num mar de relativismo, posso atestar a enorme diferença que isso faz no dia a dia do cidadão. Uma sociedade de confiança necessita não apenas de leis claras e aplicadas, mas de pilares morais que fomentem os bons costumes e condenem o excesso de “malandragem” e “esperteza” individuais.

Rodrigo Constantino

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