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Por Diego Reis, publicado pelo Instituto Liberal

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A adolescência costuma ser uma das fases mais complicadas na vida de muitas pessoas. Além de ter que lidar com as variações hormonais, de humor e na estrutura corporal, os adolescentes passam a experimentar uma situação inquietante: ora são cobrados para agirem como adultos ora são tratados como crianças.

Neste contexto, o posicionamento político e até mesmo a militância favorece a sinalizar aos pais e amigos que o jovem está adquirindo autonomia em suas decisões e visão de mundo. Isso ajuda a explicar, por exemplo, a existência de um jovem nascido em uma família de milionários e que defenda o socialismo, ou seja, alguém que está em uma situação financeira muito confortável e passa a pregar o fim do capitalismo e da propriedade privada.

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Se o leitor está passando (ou já passou) pelo “drama existencial” da juventude provavelmente deve ter ouvido do seu pai ou mãe uma “bronca” mais ou menos assim: “você não vai sair de novo para a balada e pronto! Enquanto você não se sustentar deverá seguir as minhas ordens!”.

Do ponto de vista dos pais, indivíduos que já passaram pela adolescência e sabem que a falta de experiência em alguns contextos pode ser perigosa para seus filhos (uso exagerado de drogas, gravidez indesejada, violência) uma das formas de tentar lidar com essa insegurança se estabelece através do argumento financeiro. Em outras palavras, se os filhos começam a insistir dramaticamente para sair frequentemente à noite os pais sabem que é complicado se divertir em uma balada sem dinheiro e simplesmente “não liberam a grana”.

Para muitos adolescentes essa postura serve como um estímulo à busca pela independência financeira e pelo primeiro emprego.  No entanto, outros jovens acharão que seus pais estão tolhendo sua liberdade e que tudo se resolveria se não existisse esse vilão chamado dinheiro. Afinal de contas, ele nunca foi um problema durante a infância quando as únicas obrigações eram fazer o dever de casa e eventualmente ajudar em algumas atividades domésticas. A impressão deles era que o “almoço grátis” de fato existia e Milton Friedman estava enganado.

Quando a adolescência se estabelece como uma fase de insatisfações e conflitos, a busca por culpados parece aliviar o drama e o estresse em muitos indivíduos. Nada mais imediato do que culpar os pais e sua vida “careta” como sendo os principais responsáveis por todos os problemas. Além disso, se desenvolve um de pensamento que culpa o “sistema” como um todo pelos problemas de toda a humanidade: “ninguém me entende!”, “é tudo muito injusto”, dizem eles.

Perceba que neste caso não é preciso um entendimento profundo sobre o que é o socialismo e como ele funciona na prática. Se o jovem possui uma sensibilidade pelos dramas humanos e um desejo de “mudar o mundo” a aproximação aos grupos esquerdistas é um caminho possível. No meu caso, lembro que essa aproximação aconteceu durante o ensino médio no grêmio estudantil da escola em que estudei. Na ocasião fui atraído pela encenação revolucionária de um grupo de estudantes no pátio da escola contra a ALCA (área de livre comércio das Américas). Curiosamente, passei a perceber que em nenhuma das reuniões do grupo se debatia sobre o que é o socialismo, mas, sim, sobre a eleição de um culpado pelos problemas econômicos do país – na época: o imperialismo norte-americano e o governo neoliberal de FHC (poucos se importavam em tentar entender o que significava os termos “imperialismo” e “neoliberal”).

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A grande incoerência no amor dos jovens pelo socialismo é o fato de que, para muitos, o interesse pelas ideias coletivistas é motivada por um desejo de liberdade. Se de imediato fosse dito que socialismo é sinônimo de intervenção estatal e que um governo interventor limita ou elimina a liberdade, muitos adolescentes pensariam duas vezes antes de usar uma camiseta do PC do B, PT ou Che Guevara.

Os discursos romantizados e apaixonados da esquerda parecem combinar perfeitamente com o idealismo comum na adolescência. Não é atoa que um dos candidatos as primárias americanas à presidência dos EUA, Bernie Sanders, tem adquirido popularidade crescente entre os jovens. Eleitores que parecem ignorar ou desconhecer que um governo socialista se apropria e expande a máquina estatal como no casos extremo da Venezuela cujo ditador passou a controlar a economia, punir a livre iniciativa, limitar a liberdade de expressão e colocar a população na pior crise de abastecimento da história do país ( sugiro a leitura do artigo: “Bernie Sanders: pode o bolivarianismo tomar os EUA?”).

O jovem apaixonado pelo socialismo se rebela contra o que considera “autoritarismo”, “controle” e “dependência” dos pais e passa a reivindicar um “mundo melhor” onde todos devam viver sob um Estado controlador. O zelo familiar pelo bem-estar dos filhos costuma ser um incomodo para muitos jovens, mas, também, proporciona a sensação de segurança e conforto. Quando o jovem passa a perceber que sua prosperidade depende das suas escolhas surge em muitos deles o desconforto de insegurança que motiva o desejo pela proteção do governo socialista. Infelizmente, o que se percebeu ao longo das experiências socialistas ao redor do mundo não foi o interesse pelo bem comum, mas o esforço autoritário pela manutenção do próprio poder, os privilégios de uma minoria política e a miséria do restante da população.

Compreenda o quão difícil é responder uma pergunta aparentemente simples: por que os jovens são apaixonados pelo socialismo? Vale lembrar que esse texto não tem a pretensão de fazer uma análise histórico-social aprofundada sobre este assunto, pois entendo que esta temática exigiria o volume textual de uma tese de doutorado. No entanto, é possível chegar à conclusão de o socialismo se mostra atraente para um grande número de adolescentes pela sua “promessa” de um “mundo melhor” a partir da crítica ao capitalismo e uma visão romantizada da realidade. É importante ressaltar que a relação familiar pode ser um estímulo às ideias socialistas quando o indivíduo sente a necessidade de se diferenciar do posicionamento político dos pais. No entanto, não podemos descartar os casos em que o jovem é influenciado desde a infância com pais defensores do socialismo e comunismo. (Não deixe de ler o artigo: “Carta aberta a Luciana Genro” )

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Por sermos indivíduos complexos e distintos reagimos de maneiras diversas ao contexto em que estamos inseridos. Assim, em uma família de empresários poderá haver um adolescente socialista, da mesma forma que em um ambiente de pobreza extrema também surja um militante coletivista que faça a relação de causa e efeito entre a sua atual situação financeira e a existência de “ricos” “gananciosos” e “usurpadores”. ( Leia também: “Sim! Socialismo tem cura!” )

Felizmente, o fato de desejarmos sair de uma situação de menos conforto para uma situação mais confortável também influência nosso posicionamento diante das adversidades. Não é atoa que existam inúmeros casos de pessoas que passaram necessidades financeiras na infância e utilizaram a saída da pobreza como motivação para iniciativas empreendedoras e com o potencial de transformar toda a sua comunidade. O papel protagonista das think tanks e organizações liberais se torna fundamental nesse processo. É de extrema importância que o liberalismo e a defesa do livre mercado, da propriedade privada e da diminuição na intervenção estatal sejam amplamente difundidos entre os jovens. Ao acreditar no seu potencial transformador o jovem adquire autoconfiança para agir localmente e fazer com que suas ações tenham impactos globais em termos de desenvolvimento e prosperidade. Ao entender que a relação amorosa com o socialismo está fadada ao fracasso, o jovem irá perceber que o empreendedor é o verdadeiro revolucionário.