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A indicação de Joaquim Levy para a pasta da Fazenda dividiu muitos liberais e investidores. Alguns achavam que era, ao menos, um indicativo de que Dilma iria abandonar parcialmente seu nacional-desenvolvimentismo, e que o estrago seria, portanto, mitigado. Outros, como esse que vos fala, sabiam que Levy não teria autonomia de verdade, não conseguiria dar guinada alguma na política econômica inflacionista, e que ainda seria usado como bode expiatório pela esquerda canalha.

Dito e feito. Ficou claro quem tinha razão hoje. Levy não fez absolutamente nada de memorável, não temos uma só reforma liberal, o gasto público continua em alta, e tudo que ele fez, basicamente, foi campanha pela volta da CPMF, um imposto nefasto que incide em cascata, e emprestar alguma credibilidade para um governo moribundo, acabando com a própria no processo.

A esquerda canalha fez exatamente o que estava previsto: Levy virou o símbolo de que a culpa de tudo é do “neoliberalismo”, não do “desenvolvimentismo” parido na Unicamp. Os “movimentos sociais” atacam Levy e a política econômica “ortodoxa” de Dilma, os economistas da Unicamp se fazem de sonsos e condenam o “ajuste fiscal” inexistente pela crise, e os “intelectuais” se dizem perplexos porque os liberais querem mudanças, mas Dilma já teria feito a tal mudança. Foi exatamente o que disse Verissimo em sua coluna de hoje:

Se o Temer assumir a Presidência da República, certamente escolherá como seu ministro da Fazenda um nome que sinalizará para o mercado e para o público uma mudança na política econômica do país, de acordo com o receituário neoliberal de austeridade e responsabilidade fiscal com o sacrifício de programas sociais, e… Espera um pouquinho. Há algo de errado neste começo. Onde é que eu estou com a cabeça? A mudança na política econômica do país já aconteceu. O receituário neoliberal já foi adotado. Pela Dilma! Seguindo a lógica — o que é sempre temerário, sem trocadilho, no Brasil —, Temer, na Presidência, restauraria a política do PT abandonada pela Dilma. Seu ministro da Fazenda seria algum anti-Levy. E as multidões que pedem a queda da Dilma nas ruas estariam, indiretamente e sem se darem conta, pedindo a volta do Mantega.

Só mesmo a total desonestidade faria alguém afirmar que Dilma, só porque colocou Levy como marionete na Fazenda, já fez o que um governo liberal faria. Nem mesmo os tucanos, da social-democracia de centro-esquerda, fariam o mesmo que o governo Dilma atual. A proposta de Aécio Neves tinha inúmeras outras medidas importantes ignoradas por Dilma.

O fato de ter Levy lá não diz nada de concreto. Mas canalhas não ligam para os fatos. Só para a narrativa. E a presença de Levy no governo concedeu o pretexto perfeito para a narrativa canalha de que Dilma já mudou para o “neoliberalismo” e que, portanto, a culpa da crise é desse tal de “neoliberalismo”, não do “desenvolvimentismo” da Unicamp, e os liberais que querem tirar Dilma não desejam isso por causa do estrago econômico como alegam, pois essa mudança ela já teria feito.

É preciso ser muito idiota para acreditar nesse discurso falso. Mas ei, o Brasil está cheio desses idiotas, não é mesmo? Caso contrário o PT não teria sido eleito tantas vezes, e Verissimo não teria colunas em vários jornais…

Rodrigo Constantino

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