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Por João Luiz Mauad, publicado pelo Instituto Liberal

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A Câmara de Comércio Exterior do Brasil (CAMEX) decidirá, na próxima quinta-feira, o aumento de barreiras protecionistas ao aço importado, em benefício de produtores locais. A decisão, como qualquer outra decisão sobre políticas protecionistas, coloca em lados opostos as siderúrgicas tupiniquins e os consumidores de aço, sejam eles finais ou intermediários.

Trata-se de mais uma decisão estapafúrdia que, se adotada, certamente provocará atrasos no desenvolvimento econômico do país, especialmente porque o aço é um insumo de suma importância na cadeia produtiva de qualquer país.

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Como toda barreira protecionista, essa proporcionará benefícios significativos e concentrados para um pequeno número de empresas domésticas, bem organizadas e rentáveis, mas à custa de custos muito mais altos e possíveis perdas de emprego que serão impostas a milhões de consumidores desorganizados e dispersos.

Como Bastiat nos ensinou, há mais de 150 anos, deveríamos “tratar todas as questões econômicas do ponto de vista do consumidor, pois os interesses do consumidor são os interesses da raça humana”. Tarifas e proteções sobre as importações de aço promoverão os interesses de algumas indústrias locais e seus acionistas, em detrimento de milhões de consumidores.

Lamentavelmente, as barreiras propostas sobre o aço chinês e russo não punirão os produtores daqueles países tanto quanto vão punir milhões de brasileiros com preços mais altos por tudo o que contém aço, incluindo carros, eletrodomésticos, tratores, ferramentas, materiais de construção, plataformas de petróleo, gasodutos, aviões, etc.

A imposição de mais barreiras, além das já existentes, tornaria os produtos que contêm o aço como insumo menos competitivos, eventualmente levando a uma redução da produção e demissões de trabalhadores nessas indústrias – ou à redução de jornada ao longo do tempo.

Como o professor de economia de Harvard, Greg Mankiw, disse certa vez: “Poucas proposições são tão aceitas entre economistas profissionais quanto aquela que afirma que o livre comércio mundial aumenta o crescimento econômico e os padrões de vida.”

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Entretanto, apesar do forte consenso entre os economistas, ainda há entre o público em geral – e os políticos em particular – muitos mal-entendidos e resistências quanto aos benefícios do livre comércio. O professor Mark J. Perry listou 25 razões para esse fato:

1 – A falsa crença de que o comércio é um jogo de soma zero (uma parte ganha e outra perde), quando, de fato, todos ganham quando as trocas são voluntárias.

2- Os custos do protecionismo para os consumidores são praticamente invisíveis.

3 – Os benefícios do protecionismo para os produtores são facilmente identificáveis ​​e visíveis.

4 – Os empregos salvos pelo protecionismo são observáveis ​​e visíveis.

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5 – Os empregos perdidos por conta do protecionismo não são facilmente observáveis ​​ou visíveis.

6 – Os benefícios do protecionismo para produtores individuais são muito altos.

7 – Os custos do protecionismo para os consumidores individuais são muito baixos, embora os custos, no agregado, sejam muito altos.

8 – Os custos do protecionismo para os consumidores são diluídos ​​ao longo de muitos anos.

9 – Os benefícios do protecionismo para os produtores são imediatos.

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10 – Os produtores que procuram os benefícios do protecionismo estão concentrados e bem organizados.

11 – Os consumidores que pagam os custos do protecionismo estão dispersos e desorganizados.

12 – Existe uma enorme recompensa política para os políticos protecionistas sob a forma de votos, apoio político e contribuições financeiras recebidas de empresas e indústrias domésticas protegidas.

13 – Existe um enorme custo político para os políticos que tentam remover ou diminuir as barreiras comerciais, sob a forma de perda de votos, apoio e contribuições financeiras de produtores domésticos previamente protegidos.

14 – A obsessão patológica, mas falsa, de que as exportações são boas.

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15 – A obsessão patológica, mas falsa, de que as importações são ruins.

16 – O fato de que a maioria dos trabalhadores trabalha para uma empresa que produz um único produto e, portanto, está disposta a apoiar políticas comerciais protecionistas que beneficiem o seu empregador e aquela determinada indústria em particular.

17 – O fato de os consumidores comprarem centenas, senão milhares de produtos, bens e serviços individuais, e, portanto, não serem susceptíveis de estar plenamente conscientes dos efeitos negativos do protecionismo ou motivados a combatê-lo.

18 – Muitos cidadãos pensam que a exportação de seus produtos para outros países é patriótica.

19 – Muitos cidadãos pensam que importar produtos estrangeiros é antipatriótico.

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20 – A falsa crença de que os déficits comerciais são um sinal de fraqueza econômica.

21 – A falsa crença de que os excedentes comerciais são um sinal de força econômica.

22 – O fato de que o protecionismo gera pesadas perdas econômicas não é facilmente compreendido, nem essas perdas são facilmente observáveis ​​ou mensuráveis.

23 – O analfabetismo econômico entre o público em geral.

24 – O analfabetismo econômico entre os políticos ou seu desrespeito intencional pela ciência econômica, e o conseqüente uso do protecionismo em favor da promulgação de políticas públicas que os ajudem a ser reeleitos.

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25 – A falta de reconhecimento de que a maioria das importações são insumos comprados pelas empresas nacionais, o que lhes permite serem mais competitivas ao vender seus produtos nos mercados globais.