O Profissão Repórter, programa do esquerdista Caco Barcellos, fez uma reportagem sobre o drama de venezuelanos que tentam entrar ilegalmente no Brasil:
Cerca de 800 venezuelanos cruzam todos os dias a fronteira com o Brasil, fugindo da crise de desabastecimento que enfrenta a Venezuela. O Profissão Repórter acompanhou uma família em uma jornada de cinco mil quilômetros até São Paulo. Foram cinco semanas de viagem até que mãe, pai e filha de apenas quatro anos conseguissem cruzar o país sem recursos, sobrevivendo apenas de caronas e doações.
Três milhões de venezuelanos deixaram o país nos últimos cinco anos e 200 mil vieram para o Brasil. O controle migratório do lado brasileiro é feito em Pacaraima, Roraima, a primeira cidade brasileira depois da fronteira. É lá que muitos venezuelanos esperam uma carona.
Duzentos quilômetros separam os venezuelanos que chegam pela fronteira da cidade de Boa Vista, capital de Roraima. O estado pediu ajuda federal para direcionar os refugiados a outros estados do país.
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O Profissão Repórter convidou o jornalista independente Rhonny Zamora, que mora em Caracas, para fazer uma reportagem do ponto de vista dos venezuelanos sobre a crise do país. Ele conta que uma fila para sacar dinheiro pode durar entre uma e três horas e que o venezuelano médio passa muito tempo em filas: para os alimentos regulados, para sacar dinheiro, porque o transporte público se paga em dinheiro, por exemplo.
O valor que pode ser sacado no banco é sempre limitado. “Se você quer dinheiro, há gente que te vende dinheiro. Eu tenho 600 mil bolívares e isso não se consegue em nenhum banco. Você tem que ir até pessoas que te vendam dinheiro. Por 100 mil, você paga 200 mil. Te cobram o dobro do cartão de débito para te dar notas em dinheiro”, conta Rhony.
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No fim deste mês, a Venezuela realiza eleições presidenciais. O atual presidente Nicolás Maduro, sucessor de Hugo Chávez, é candidato à reeleição. Parte da oposição quer boicotar a votação como forma de protesto.
Vejam o programa todo aqui: https://globoplay.globo.com/v/6724827/
Há mérito jornalístico na reportagem, e é bom mostrar a dura realidade dos venezuelanos. Mas tudo fica muito incompleto quando a crise é jogada assim, sem mais nem menos, como se tivesse caído do além ou sido criada por Maduro, um populista. O telespectador fica sem compreender bem o elo causal entre socialismo e desgraça.
Já escrevi sobre esse “sujeito oculto” que não aparece nas horas que a mídia fala da Venezuela. Voltei ao tema quando um editorial do GLOBO “esqueceu” de mencionar novamente o socialismo como fator causal da crise venezuelana. É válido, repito, o jornalismo que expõe o cotidiano de um povo sofrido, mergulhado no caos.
Mas não é aceitável deixar de lado o que causou isso, e muito menos esquecer de mencionar que Lula, ex-presidente do Brasil, deu todo o apoio do mundo ao regime que destruiu o país com mais reservas de petróleo do mundo!
Guilherme Macalossi viu o lado positivo da reportagem, e elogiou os responsáveis, mesmo admitindo não gostar do líder:
Mas houve quem apontasse para o que ficou faltando:
Como o biquíni, a reportagem mostrou bastante coisa, deu um toque sentimental à tragédia venezuelana, mas escondeu o essencial. O povo brasileiro precisa ser lembrado o tempo todo que a causa dessa desgraça tem nome e é a ideologia socialista, a mesma que o PT e o PSOL defendem até hoje. Não por acaso ambos os partidos ainda apoiam Maduro, mesmo depois de tudo.
Falha imperdoável, em minha opinião, de uma equipe que tem o jornalismo imparcial como meta, e enaltece no nome do programa essa profissão tão importante. Não podem deixar suas próprias ideologias dominarem a busca pela verdade…
Rodrigo Constantino
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