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Programa tímido de privatizações? Então deem autonomia plena para Guedes e Salim logo!
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Pela primeira vez em muito tempo temos os responsáveis pela gestão econômica do governo com a convicção ideológica a favor das privatizações. Sim, é verdade que Itamar Franco privatizou, que os tucanos lideraram um amplo projeto de privatizações, e que até petistas venderam algumas estatais, apesar de terem criado tantas outras. Mas esses, quando privatizaram, eram movidos mais pela necessidade de levantar caixa para o governo do que por sincera simpatia pelo processo de combater o estado empresário.

Agora não. Agora temos o liberal Paulo Guedes como ministro, que convidou o empresário igualmente liberal Salim Mattar, fundador da Localiza, para tocar a agenda de desestatização. O governo anunciou recentemente o anúncio de 17 empresas a serem vendidas ainda neste ano, e Salim explicou que o processo demorou um pouco pois a prioridade era a reforma previdenciária. Ainda assim, temos visto críticas quanto à “timidez” das privatizações, e vindo de locais como a Folha ou os tucanos.

Em em editorial de hoje, a Folha de SP listou as empresas que devem ser vendidas, expôs as dificuldades que permanecem, e concluiu: “É preciso, enfim, dar um destino a pelo menos outra dúzia de empresas, que não têm função pública, apenas absorvem recursos escassos ou são empecilhos ao funcionamento do mercado. Para um governo que se alardeia liberal, o plano de desestatização ainda caminha de modo lento”.

A economista Elena Landau, que comandou o programa de privatização do governo de Fernando Henrique Cardoso, considerou o programa de Jair Bolsonaro tímido diante das promessas feitas na campanha eleitoral. “Para quem prometeu R$ 1 trilhão com venda de empresas, esse programa é frustrante”. Para ela, o plano de Itamar Franco era mais profundo que o do Bolsonaro. “Nem Valec nem EBC foram incluídos como prometido. Isso é inexplicável”.

São críticas legítimas. O que posso dizer, como autor de Privatize Já, que completou sete anos, é que a “timidez” não vem de Guedes nem de Salim. Por eles, tenho certeza, o programa seria muito mais amplo e radical, incluindo os bancos estatais, a Petrobras, tudo! Mas eles não são o presidente…

Bolsonaro é um “liberal” em economia de última hora, e não demonstra o mesmo apetite, em que pesem algumas declarações favoráveis até à inclusão da Petrobras na lista eventualmente. O governo pode estar sendo cauteloso, priorizando outras reformas, observando a possível reação no Congresso ou na sociedade. Mas o fato é que o programa divulgado ainda está muito aquém do que precisamos e do potencial de um Guedes e um Salim montando o “dream team” da economia.

Se ao menos eles tivessem autonomia plena e carta branca para efetivamente tocar uma agenda de privatização… não ia sobrar uma só empresa para o estado chamar de sua!

PS: Não é apenas o governo federal que tem muito trabalho pela frente na área de privatização. Os estados também. Como mostra reportagem da Gazeta, os estados, mesmo quebrados, mantêm 258 empresas que custam mais de R$ 16 bilhões por ano. Privatize Já!

Rodrigo Constantino

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