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Com o risco de soar repetitivo, vou uma vez mais falar sobre a intolerância dos “tolerantes”. Faço isso por um motivo bem simples: a “marcha das minorias”, o “império dos oprimidos”, a “revolução das vítimas” e a “ditadura do politicamente correto” são variações sobre o mesmo tema, e o mais relevante hoje para quem se preocupa com as liberdades individuais.

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Quem ainda não se deu conta do risco que corremos com essa turma não entendeu muito da era moderna. Os movimentos das “minorias” se julgam detentores de uma causa tão nobre, contra inimigos tão terríveis, preconceituosos e malignos, que nada pode ficar entre seus desejos e suas ações. Não há limites na hora de atacar um “inimigo”, alguém que ousa desviar da cartilha politicamente correta.

Vou dar um exemplo bem pessoal para ilustrar o ponto. Minha filha adolescente compartilhou uma imagem que está circulando bastante pelas redes sociais, uma foto de Leandra Leal em que a atriz faz a campanha do “Criança Esperança” da Globo e depois aparece fazendo campanha pelo aborto. Eis a imagem:

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A incoerência em si de pregar esperança para crianças matando a mais básica de todas – nascer – já seria um tanto impressionante. Mas meu foco será outra incoerência: aquela da intolerância dos “progressistas” que clamam sempre por mais tolerância e diversidade. A causa feminista é tão poderosa e influente na juventude que não é mais tolerado ser contra suas principais bandeiras.

Uma menina foi no perfil da minha filha e escreveu a ordem categórica, cheia de “tolerância”: “apaga logo isso”. Teve quase vinte curtidas em pouco tempo, ou seja, um grupo unido colocando pressão contra a minha filha. A atriz, alegam, “tem direito de ter opinião” sobre o aborto. Mas minha filha, pelo visto, não tem direito de ter opinião contrária, nem mesmo no perfil particular dela.

Já tive muitas experiências parecidas, inclusive com libertários. Quando usava o meu perfil para emitir as minhas próprias opiniões sobre certos comportamentos que julgo indecentes ou bizarros, era alvo de vários desses “progressistas” e libertários, que me atacavam e afirmavam que eu não era um liberal. Um liberal, pela ótica deles, deve ser um libertino ou alguém sem opinião sobre tais coisas. Fique caladinho, em nome da liberdade individual!

É como vemos nos “antifascistas” da Antifa, queimando faixas de “liberdade de expressão” em nome do combate aos intolerantes. Na era moderna, dominada pelo politicamente correto, você pode falar o que quiser, desde que concorde com a patota. Nunca os “fracos” tiveram tanto poder! A patrulha das “minorias” faz os inquisidores de Torquemada parecerem garotos inocentes. Essas “almas bondosas” não se incomodam de jogar na fogueira o primeiro que desviar uma vírgula de seus dogmas.

Reparem que debates não são mais necessários, argumentos não são mais desejáveis, e uma troca civilizada virou coisa do passado. Essa turma sabe que está do “lado certo”, que só pode discordar dela gente muito ruim, preconceituosa, racista, xenófoba, machista, e que por isso mesmo é preciso calar esses boçais, interromper sua fala no grito, na violência, intimidar todo aquele que tiver alguma opinião diferente, independente.

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Mas como filha de peixe, peixinho é, a minha filha não se intimidou, e manteve a postagem. Em muitos casos o Foicebook faz o trabalho da patrulha politicamente correta e retira à força pontos de vista divergentes. Em vários outros, as pessoas voluntariamente cedem à pressão, param de comentar, com medo da reação, do ostracismo, dos ataques. Nem todos aguentam o rojão.

Só que foram mexer com uma Constantino, casca grossa, acostumada a ver o pai sendo demonizado dia sim, outro também, por todos esses que juram falar em nome da tolerância e que estão dispostos a me calar na marra. Acharam que a intimidação surtiria efeito. Não foi dessa vez. E papai está muito orgulhoso da filhinha…

Rodrigo Constantino