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Por João Luiz Mauad, publicado pelo Instituto Liberal

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Uma questão do vestibular deste ano, da UFRGS, versava sobre a participação de Milton Friedman, economista liberal da Escola de Chicago, no governo do General Augusto Pinochet, no Chile. Um texto de Naomi Klein, escritora e ativista socialista/feminista, introduz a questão, acusando Friedman de “explorar os choques e crises de grande porte da década de 1970”como “estratégia extrema de apropriação capitalista jamais tentada em qualquer lugar”. A questão pedia então que os alunos marcassem a alternativa que melhor traduz a política econômica “imposta pela ditadura de Augusto Pinochet”. A resposta correta é a seguinte, conforme os elaboradores da questão: “Implementação de uma política econômica neoliberal de transferência de serviços públicos a empresas privadas, de contração da renda dos trabalhadores e de abertura econômica ao capital financeiro internacional”.

Numa só questão estão presentes a desinformação e o proselitismo ideológico contumazes nas universidades públicas tupiniquins.  A história, evidentemente, é bastante diferente daquilo. Em 1975, convidado por uma instituição privada, Friedman viajou ao Chile, onde teve um encontro de uma hora com Pinochet. Aquele rápido encontro gerou, além de uma carta formal com conselhos econômicos genéricos para combater a crise que assolava o país, diversas interpretações falaciosas sobre uma eventual consultoria econômica prestada por ele à ditadura militar chilena.

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Na verdade, Friedman nunca trabalhou para a ditadura Pinochet, cuja economia ficou a cargo de economistas chilenos oriundos da Universidade de Chicago, cujo excelente trabalho rende frutos até hoje, e graças ao qual o Chile é o país mais próspero e bem estrutura do da América do Sul, o primeiro a fazer parte do seleto grupo de países da OCDE.

“O verdadeiro milagre chileno não foi o sucesso econômico alcançado, mas o fato de o governo ter ido contra suas crenças [autoritárias, centralizadoras e intervencionistas] e optado por um sistema desenhado e gerenciado por gente comprometida com os princípios do livre mercado”, escreveu Friedman, tempos depois, sobre o sucesso do plano econômico liberal chileno.

Mas por que ele é tão atacado pela esquerda? Principalmente porque Friedman, apesar de liberal, foi um dos mais influentes economistas do Século XX, ajudando de forma inequívoca a enfraquecer as idéias keynesianas, que dominavam o mainstream econômico desde a Grande Depressão dos anos 30.  Além disso, como assessor econômico do presidente Ronald Reagan, foi um dos responsáveis pelo bem sucedido programa econômico daquele governo, um dos mais populares da história dos Estados Unidos – que, não por acaso, mereceu da esquerda a alcunha de “neoliberal”.

Ademais, embora mantivesse uma vida acadêmica bastante prolífica, Friedman conseguiu, como poucos, defender o livre mercado e ensinar economia de forma clara e simples, falando a linguagem do cidadão comum, o que ajudou sobremaneira a desmistificar e enterrar muitas das falácias econômicas esquerdistas.