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A protester wearing yellow vest, a symbol of a French drivers' protest against higher fuel prices, stands on the red light on the Champs-Elysee in Paris, France, November 24, 2018. REUTERS/Benoit Tessier     TPX IMAGES OF THE DAY
A protester wearing yellow vest, a symbol of a French drivers' protest against higher fuel prices, stands on the red light on the Champs-Elysee in Paris, France, November 24, 2018. REUTERS/Benoit Tessier TPX IMAGES OF THE DAY| Foto:

A “cidade-luz” vive dias de tensão diante da medida impopular do presidente Emmanuel Macron de criar um “imposto ecológico”, estopim para uma revolta social mais ampla contra o aumento do custo de vida e a queda do poder de compra. Neste sábado, Paris foi palco de manifestações violentas e confrontos com a polícia.

Pelo menos 205 pessoas foram presas e 65 ficaram feridas durante a repressão policial a manifestações com vandalismo e bloqueio de ruas na Avenida Champs Elysées. As lojas da tradicional Galeria Lafayette e da Printemps foram evacuadas e incêndios colocaram em risco vários prédios no centro da cidade. Um fuzil também chegou a ser roubado de uma viatura da polícia francesa e o cenário de turbulência se alastrou por diferentes bairros da capital.

As cenas, que lembram as últimas manifestações violentas em junho de 2013 no Brasil, são mobilizadas por grupos apelidados de “coletes amarelos”, que usam a peça como símbolo, já que é obrigatória para os veículos franceses. Os manifestantes estão insatisfeitos com o aumento no preço dos combustíveis devido à criação do chamado “imposto carbono”, que incide sobre o diesel na tentativa de torná-lo mais caro do que a gasolina, por poluir mais.

O presidente Macron lamenta a situação, mas faz questão de frisar que não pretende voltar atrás. “Devemos escutar os protestos de alarme social, mas não devemos fazer isso renunciando a nossas responsabilidades para hoje e amanhã, porque existe também um alarme ambiental”, afirmou. Diante disso, permanecem muitas incertezas quanto ao que está reservado para o futuro do governo francês.

Quem melhor resumiu a situação – e sua causa – foi o jornalista Guilherme Fiúza, colunista da Gazeta do Povo. Em seu Twitter, Fiúza usou seu estilo inconfundível para esfregar na cara dos “bonzinhos progressistas” os resultados de suas ações irrefletidas, que servem apenas para acalentar seus corações e fornecer uma sensação de superioridade moral imerecida:

O combustível do incêndio francês: demagogia politicamente correta, fingindo que o mundo inteiro pode morar lá, pq precisa fingir q é bonzinho com imigrante, aí aumenta imposto pq a conta não fecha, aí finge q é pra proteger o meio ambiente, aí descobre q viver fingindo dá merda.

O socialismo “light” e as fronteiras escancaradas não combinam, e jamais vão funcionar. A entrada de inúmeros imigrantes sem qualquer assimilação cultural, que depois vivem marginalizados em guetos ou desempregados pelas grandes cidades, tudo isso bancado pelos impostos dos trabalhadores, só pode resultar em indignação e num clima generalizado de desconfiança e revolta.

A França já se acostumou a esses espetáculos de depredação e violência, com carros queimados às centenas. Mas dessa vez podemos estar vendo o estopim de algo mais sério, como alerta Leandro Ruschel:

Os protestos dos “jaquetas amarelas” na França tem muitas semelhanças com os protestos de 2013 no Brasil. A faísca foi o aumento de impostos sobre combustíveis, mas agora aparentemente há uma revolta generalizada contra o governo Macron. Pode ser o início de algo maior.

A França vive dias difíceis, e já cansei de apontar para a insustentabilidade de seu modelo dirigista e quase socialista. Quando esse modelo se encontra com uma enxurrada de imigrantes sem a mesma cultura e em busca de privilégios estatais, em vez de trabalho, a coisa vira um barril de pólvora. Paris pode ser um charme, mas a França tem um só destino se não der uma endireitada: décadence avec élégance

Rodrigo Constantino

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