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Queda de 25% em homicídios nos primeiros meses do ano: é preciso endurecer mais com bandidos!
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De acordo com a ferramenta, houve 6.856 mortes violentas no primeiro bimestre de 2019. O dado só não comporta o Paraná. O governo do estado informa que os números de janeiro e fevereiro ainda estão sendo tabulados para posterior divulgação. Tirando o Paraná, houve 9.094 assassinatos no mesmo período de 2018. Ou seja, uma queda de 25%.

A queda é puxada principalmente pelos estados do Nordeste, que, juntos, registram a redução mais significativa do número de mortes (34%) – somente no Ceará o índice diminuiu 58%.

O dado deve ser celebrado, claro. A violência é o maior problema do Brasil: uma nação com mais de 60 mil homicídios por ano está em guerra civil. A impunidade é a maior causa isolada do crime. Combater com maior firmeza a marginalidade, portanto, é o caminho certo.

E nisso o governo Bolsonaro merece reconhecimento: venceu justamente para abandonar a velha visão “progressista” de que bandido é “vítima da sociedade” e de que as causas da violência são apenas econômicas.

Claro que o presidente tentaria colher dividendos políticos com a notícia. É do jogo. Mas não é coerente: ele jamais aceitaria a responsabilidade por qualquer dado ruim, em economia ou segurança, em tão pouco tempo de governo.

Os mesmos bolsonaristas que reclamam do excesso de críticas, alegando que são apenas cem dias de governo, agora parecem depositar todo o mérito desse resultado ao presidente. Seria um milagre! Óbvio que a análise é mais complexa do que isso, e as mudanças começaram ainda no governo Temer:

Samira Bueno acredita que alguns fatores, como a criação do Ministério da Segurança Pública na gestão passada, ajudam a explicar essa queda. “Por mais que dinâmicas do crime organizado ajudem a explicar parte da redução, há outros fatores que precisam ser levados em conta. Pode existir, claro, uma relação com o Susp (Sistema Único de Segurança Pública), já que sua implementação ocorreu num contexto de muita mobilização dos estados, pressionados pelos índices de criminalidade e pelo período eleitoral”, diz.

“Também houve a aplicação de mais dinheiro federal, apesar da crise fiscal. Houve o descontingenciamento de R$ 2,8 bilhões do Funpen (Fundo Penitenciário Nacional) e uma mudança na lei pra que parte do recurso do fundo fosse utilizado em ações na área segurança. Foi criado também na gestão Temer o Ministério da Segurança Pública, que teve um papel muito importante nisso tudo. Ou seja, houve uma tentativa do governo federal de liderar o processo e coordená-lo minimamente”, diz Samira Bueno.

Ainda assim, Bolsonaro tenta capturar a boa notícia para si, e afirma que seu compromisso com o combate à criminalidade é total:

Ao contrário do terror espalhado por alguns sobre uma iminente explosão da violência após minha vitória nas eleições, um levantamento baseado em dados oficiais dos estados apontou queda de 25% dos assassinatos no Brasil no primeiro trimestre de 2019 em relação ao ano passado.

Nosso papel para reduzir ainda mais esses números está sendo feito: o processo de flexibilização das leis armamentistas, o Pacote Anticrime que mira o crime violento, crime organizado e corrupção, e a desconstrução da inversão de valores que há muito imperou em nosso Brasil.

Concordo que o governo vai na direção certa, e elogiei o pacote anticrime de Sergio Moro. Daí a afirmar que essa queda já é resultado direto disso vai uma longa distância – aquela que separa analistas independentes de torcedores partidários.

Rodrigo Constantino

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