Esse foi o título do artigo do coronel da PM Elias Miler da Silva publicado hoje na Folha. Ele compara a reação da imprensa e da turma dos direitos humanos com a morte da vereadora do PSOL Marielle Franco e com a morte da soldado Juliane Duarte. Essa distinção já foi tema de artigo meu aqui. Ela é importante para frisar como a narrativa predominante na imprensa possui um viés esquerdista, que trata com desconfiança, para dizer o mínimo, os policiais que arriscam suas vidas para nos proteger. Diz o coronel:
Marielle continua no noticiário, defendida por entidades de direitos humanos e pela imprensa que, por meio de reportagens, “cobra” o esclarecimento do crime. É assim que deve ser. Mas a soldado Juliane foi esquecida, não ocupa nem sequer o rodapé da página.
Ela nem seria lembrada agora, não fosse o mau jornalismo praticado por um repórter desta Folha, criticado até pela ombudsman do jornal, por produzir reportagem sem sentido, cheirando a fofoca e ódio pela PM, contrariando o Manual de Redação que norteia seu trabalho.
A Polícia Militar convive diariamente com maus jornalistas que somente transcrevem as informações que se alinham ao seu posicionamento ideológico.
[…] Sobre os números da Polícia Militar, no entanto, debruçam-se as ditas entidades de direitos humanos, “especialistas” em segurança pública e críticos que não economizam o verbo para atacar. E a imprensa, salvo honrosas exceções, segue na toada de sempre, transcrevendo o ditado de suas fontes.
Enquanto apenas cerca de 5% dos crimes praticados no país são esclarecidos, 100% das intervenções policiais são investigadas, culminando até em expulsão da corporação e condenação no Tribunal de Justiça Militar ou no Tribunal do Júri.
[…]
No ano passado, 72 policiais militares perderam a vida, e 83 jamais voltarão a trabalhar porque ficaram com sequelas irreversíveis, paraplégicos ou tetraplégicos. Quem se importa?
O desabafo e a cobrança são legítimos. A julgar pelo que sai na imprensa, poucos se importam. Mas não é verdade. Arrisco dizer que a imensa maioria está do lado dos policiais. O problema é que a opinião publicada não é a opinião pública. Há um claro viés ideológico na mídia, onde o PSOL tem uma influência totalmente desproporcional aos seus votos. Daí essa sensação de que só a morte da vereadora socialista importa, não a dos policiais em serviço.
No editorial do GLOBO desta terça, há uma cobrança por maior “inteligência” nas operações policiais, que colocariam em risco a população. A demanda é até legítima, mas o jornal ignora que nas favelas, territórios ocupados pelo crime, vive-se uma guerra civil “velada”. Achar que é possível combater o crime nessas situações sem colocar em risco civis é uma doce ilusão, típica de “pacifista” que vive no conforto da civilização (do mesmo tipo que prega o desarmamento, mas anda com seguranças armados). Diz o jornal:
[…]
O fato é que as forças de segurança ainda não conseguiram reduzir o risco e a letalidade de suas operações. Estatísticas do ISP mostram um aumento dos chamados homicídios decorrentes de intervenção policial (mortes em confronto). Em julho deste ano, foram 129 vítimas, o que representou um crescimento de 105% em relação ao mesmo mês do ano passado. Nos últimos três meses, a expansão foi de 66% comparada ao mesmo período de 2017.
A quantidade de assassinatos também não tem cedido. Segundo o ISP, em julho foram 408, um aumento de 9% em comparação com o mesmo mês de 2017. Nos últimos três meses, o número não subiu, mas também não caiu, o que preocupa.
É óbvio que as forças de segurança têm de combater a violência, e espera-se que elas façam operações para coibir o crime organizado. Mas só com inteligência e planejamento será possível tornar essas ações mais cirúrgicas e menos letais. Nada há de positivo num dia em que 13 pessoas são mortas no Grande Rio.
Se a maioria dos mortos é de bandidos, então há algo a se comemorar sim. O que os autores querem? Que o “bonde” vá tranquilamente para sua fortaleza do crime após seus assaltos? Como a polícia deve reagir? Claro que sempre é possível melhorar, fazer operações “mais cirúrgicas e menos letais”. Mas é utopia achar que é possível combater o crime na condição atual do país sem baixas civis. Na verdade, as baixas civis já acontecem a todo instante, vítimas dos próprios marginais.
A condição de trabalho dos policiais é extremamente precária. Falta treinamento e equipamento, o salário é baixo, o risco é absurdo, a burocracia é asfixiante e o grau de responsabilização no combate é enorme. O policial entra numa favela recebido a tiros de fuzil. E ainda tem que conviver com a campanha difamatória constante na mídia, como se ele fosse o culpado pelas altas taxas de mortes. É ou não ultrajante?
Rodrigo Constantino
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