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Acabei de publicar um texto celebrando o duro golpe que Lula e seu PT sofreram nas urnas neste domingo, o que pode representar quase a morte política da quadrilha disfarçada de “partido”. Mas nem tudo é festa. Ao menos não para os moradores da minha “cidade maravilhosa”. O Rio, para não variar, resolveu envergonhar o país, comprovar uma vez mais como vota mal, como gosta de dar tiro no pé, incapaz de aprender com os próprios erros.

Cheguei a ser sarcástico em minha página do Facebook, como desabafo, e escrevi assim que saiu a pesquisa de boca de urna: “Parabéns a todos os cariocas que rejeitaram o conceito de voto útil e dividiram as chances de quem poderia efetivamente ir para o segundo turno derrotar o bispo da Universal. Vocês demonstraram toda a sua pureza! E agora, como resultado, teremos Crivella ou o socialista Freixo, ao que tudo indica. Carioca é otário?”

Pergunta retórica, eu sei. Carioca se acha malandro, mas acaba sempre dando um jeito de provar que excesso de malandragem é mesmo estupidez. Logo depois da postagem, quando ficou claro que o resultado seria esse mesmo, desabafei uma vez mais, subindo o tom contra meus conterrâneos:

A “cidade maravilhosa” terá de escolher, agora, entre o bispo da Universal que apoiava o PT e o socialista defensor de black blocs (e também do PT). Enquanto isso, SP terá João Dória como prefeito, um empresário de sucesso. Vou mudar o título do meu livro de “Brasileiro é otário?” para “Carioca é otário!”, sem interrogação, com exclamação mesmo. Ao menos vou ver a desgraça de longe…

Não é espírito de porco, mas apenas a constatação de que ter saído do Rio, ainda que temporariamente, foi a decisão acertada. Se o Brasil cansa, como costumo repetir e até virou capítulo do meu livro, o Rio cansa em dobro! É uma turma idiota grande demais, a capital da malandragem, do esquerdismo “descolado”, do endeusamento do estado, dos artistas engajados, dos maconheiros lesados, dos “professores” marxistas. Tudo aquilo que tem no país todo, mas que tem mais ainda no Rio, que encontra solo fértil para se desenvolver por lá.

Um amigo meu resumiu bem a coisa: “O carioca é ingênuo, politicamente infantil.  Somando Bolsonaro, Osório, Índio e Carmen, os conservadores são maioria. Foi o que vimos 13/3 na Praia de Copacabana. Só que não sabemos nos articular politicamente. Eles sabem. Concentraram no Freixo, os demais partidos não chegaram a 5%”. Exato: a esquerda foi mais esperta, enquanto os anticomunistas se dividiram e deixaram Marcelo Freixo ir para o segundo turno.

A partir de agora, qualquer carioca com algum resquício de bom senso precisa defender o bispo da Universal. Eis a situação em que o próprio eleitor do Rio se colocou. É assustador! Mas não tem outro jeito. Como já está circulando pelas redes sociais, “o Rio de Janeiro vive um grande dilema a partir de agora: dar o dízimo ou dar a bunda”. Grosseria à parte, e olha que tentei suavizar no final, o recado é claro: ou “viramos” todos crentes ou seremos “empalados” pelos socialistas.

Freixo não ganha votos na periferia pobre, mas nos bairros de classe média como Laranjeiras ou de classe alta como Leblon. É o candidato dos “revolucionários mimados”, dos jovens “estudantes” que gostam de cuspir no “sistema” enquanto a mamãe paga a mesada em dia e troca o iPhone. É o candidato dos “bichos grilos” que não gostam muito de tomar banho nem de trabalhar. É o candidato dos artistas engajados, que se sentem defensores do povo enquanto aplaudem ditaduras e governos nefastos que só aumentam a miséria. É o candidato dos “psis” que amam Zizek e não entendem nada de nada, mas adoram uma verborragia pseudointelectual.

Como disse um leitor: se a escolha é entre o bispo da Universal e o comunista Freixo para o segundo turno, sou Crivella desde Garotinho! A brincadeira com o nome daquele que já governou o Rio e está ao lado de Crivella é boa, mas chega a embrulhar o estômago. Numa eleição que tinha Flavio Bolsonaro como candidato, Osório, Índio da Costa, as pessoas decentes terão de escolher Crivella e Garotinho, para não fechar com o comuna, para não jogar o Rio direto nas mãos dos black blocs!

Desabafei ainda mais no meu canal: Um lado pior meu, aquele mais vingativo, repete que ao menos esses IMBECIS dos eleitores do Freixo, da esquerda caviar, jovens mimados, psis idiotas, artistas engajados e “intelectuais” dementes, merecem viver sob uma cidade “governada” por um socialista mesmo, merecem que o Rio de transforme numa Caracas. Mas o outro lado, melhor, pensa em todas as vítimas inocentes desses débeis mentais, desses crápulas, e fala mais alto, torcendo para que o pior não aconteça, mesmo que isso signifique essa cambada bancando os eternos rebeldes purinhos contra o “sistema”…

Já vimos o que essa esquerda jurássica é capaz de fazer em nível nacional, com o PT, mas parece que não foi suficiente para o carioca aprender. Por isso não dá para torcer para o pior só para o povo acordar: já deveria ter acordado com o lulopetismo, caramba! Se os cariocas não acordaram nem com isso, não acordam nunca mais, são eternos sonâmbulos, um povo iludido cuja desgraça é autoinfligida.

Pergunta: se o socialista Freixo for prefeito do Rio, a black bloc Sininho será a chefe da Guarda Municipal? Será que os eleitores de Freixo, que confundem filme de ficção com realidade, sabem que o candidato banca advogado para os vândalos mascarados que depredam tudo, que chegaram a matar um cinegrafista inocente? Será que “pensam”, como Greg, que os black blocs que Freixo defende são apenas “garotos espinhentos”, e não fascistas em gestação?

Será que essas bestas têm a mais vaga noção do que o partido de Freixo prega? E não estamos falando de um PMDB da vida, um verdadeiro saco de gatos sem ideologia alguma, mas sim de um partido coeso, pequeno, aglutinado por causa de sua ideologia socialista, fundado até por terrorista, que tenta resgatar os cacos petistas para remontar o quebra-cabeça do Foro de São Paulo. O PSOL de Freixo defende abertamente o regime de Maduro na Venezuela, for Christ sake!

Seus eleitores acham que ele não é um radical, que nem é comunista, socialista, que isso sequer existe mais. É muita alienação mesmo. Vários esquerdinhas estão atacando Crivella por sua ligação com a Universal, mas esquecem que Freixo tem uma seita ainda pior. Estão deixando de lado a seita bem mais fanática do socialismo: são os devotos mais tapados que já vi na vida, os mais dogmáticos e incapazes de autocrítica ou reflexão sincera. A cada novo retumbante fracasso de alguma experiência socialista, esses fanáticos concluem que é preciso tentar uma vez mais!

Esse texto não é uma tentativa de persuadir ninguém, até porque ficou claro como isso é missão quase impossível no primeiro turno. Cheguei a defender o voto útil e a migração dos votos de Índio e Osório para Bolsonaro, mas o preconceito com o sobrenome falou mais alto, mesmo quando vários fizeram o teste do GLOBO e viram que havia convergência de propostas entre tais candidatos, e que o Flavio era aquele com maiores chances de vencer. Não engolem um Bolsonaro? Foram enganados pela mídia, que fala em “extrema-direita”? Então vão ter de engolir um Crivella agora para não digerir a extrema-esquerda, seus otários!

O tom é de desabafo mesmo: às vezes preciso adotá-lo como medida medicinal para acalmar meus ânimos. O Rio me fez mal, mesmo à distância. É muita insistência nos erros, o que não é mais ignorância, mas burrice mesmo. Se brasileiro é otário, eis uma questão que continua em aberto; mas que carioca parece bem otário, isso não resta muita dúvida. Basta ver a escolha que terá de ser feita agora: Crivella ou Freixo. Que dureza! O Galeão nem fica parecendo uma alternativa ruim, não é mesmo?

Rodrigo Constantino

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