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Escrevi ontem na minha página do Facebook, quando a eleição para novo presidente da Câmara ainda não tinha ocorrido e eram mais de dez os candidatos: “A derrubada de Eduardo Cunha, tão celebrada por todos, foi como aquela dos ditadores do Oriente Médio: era a coisa óbvia e certa a se fazer, mas poucos pensaram no que vinha depois. Veio o ISIS…”

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O alerta, um tanto dramático, confesso, foi para chamar a atenção para os riscos depois do sentimento predominante de “Fora, Cunha!”. Eduardo Cunha virou a Geni da casa, do país!, em boa parte graças às campanhas da esquerda e da imprensa (que são basicamente a mesma coisa). Mostrar que não era dependente de Cunha passou a ser a coisa mais importante do mundo.

E foi assim que Rodrigo Maia costurou sua candidatura com o apoio tanto da “direita” como dos comunistas. O PT quase chegou a lhe dar apoio aberto, e Lula não considerava ruim sua vitória. Consta que prometeu aos tucanos desenterrar a CPI da UNE, e ao PCdoB o contrário.

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Seu discurso de vitória flertou demais da conta com as esquerdas, com as “minorias”. O “centrão” foi o grande perdedor, mas será que isso é positivo mesmo num país cuja predominância é de esquerda? Será que o “centrão” não era aquela força que impedia uma agenda ainda mais bolivariana, apesar de corrupta?

Fato: as alternativas eram ainda piores! Assim que soube da vitória de Maia, desabafei: “Não pensei que fosse um dia achar até razoável ter o Rodrigo Maia como presidente da Câmara… que tempos!”

“Mas Maia é do DEM, não era para você ficar feliz, Rodrigo?” Infelizmente, não. Com raras exceções, o DEM está longe de ser um representante legítimo da direita liberal ou conservadora no Brasil. E quem é carioca conhece a família Maia, inclusive Rodrigo, muito fraquinho, sem a firmeza e a coragem necessárias para fazer dele um bom presidente.

Convicção ideológica é o que os Maia não têm. E conto duas pequenas histórias, aparentemente bobas, mas que revelam a postura do novo presidente, e que me foram reveladas por fontes primárias e de minha confiança. Certa vez Rodrigo almoçava numa churrascaria com alguém, e quando saíram, uma garrafa de vinho ficou pela metade. Meu amigo foi checar: custava uns R$ 500.

Em outra ocasião, Rodrigo estava num voo doméstico, e demonstrou extrema arrogância com a aeromoça e os demais passageiros, querendo um tratamento especial. Coisas pequenas, eu sei, mas que podem sinalizar todo o apreço pelo poder, pelo “red carpet”, uma vaidade e um gosto pelo luxo que costumam ser incompatíveis com o bom político. Do tipo: “Sabe com quem está falando?” Imaginem agora…

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Meus leitores tentam me acalmar, na linha do que eu mesmo reconheci: “Venceu o menos pior”; “era o que tinha”. Talvez. Mas não é motivo para festejar, justamente por isso. Ainda será preciso Maia mostrar a que veio, se terá mesmo independência e vontade de seguir com as pautas “impopulares”, ou seja, aquelas que despertam forte reação da esquerda organizada.

“No Brasil nós nunca ganhamos mesmo!”, desabafou uma leitora. É uma sensação da qual compartilho. Fomos às ruas, conseguimos o impeachment, Temer colocou uma equipe econômica de primeira, um deputado do DEM passou a presidir a Câmara, e ainda assim notamos o quanto estamos longe de uma vitória efetiva.

Teremos uma noção melhor se avançamos um pouco ou não com Maia em breve. Rodrigo vai destravar a agenda que está de acordo com os anseios da maioria da população ou vai servir de capacho dos vermelhinhos? Um leitor mostra sua preocupação, que é também a minha, e toca nos sinais certos: “Caso Rodrigo Maia atue contra a CPI da UNE, a CPI da Lei Rouanet, a proposta do deputado Peninha sobre a questão das armas para a população e contra o Escola sem Partido, o apoio de Lula justificar-se-ia”.

O tempo dirá, e será logo. Rodrigo Maia não tem muito tempo a perder. Largou mal, agradecendo demais a esquerda. Se for só jogo de cena política, tudo bem. Mas queremos ver resultados. Queremos ver a CPI da UNE sendo implantada. A da Lei Rouanet também. As mudanças nas leis de armamento, já que o governo vem ignorando a vontade popular desde o plebiscito. O projeto de combate à doutrinação ideológica nas escolas precisa avançar, e é o mais importante de todos.

Enfim, o veredicto ainda não saiu, mas nós, liberais e conservadores, não temos muitos motivos para alimentar grandes esperanças. Tomara que eu esteja errado. Tomara que meu xará se mostre um bom presidente, com viés menos esquerdista e com coragem para enfrentar certos vespeiros. Mas algo me diz que isso não vai acontecer…

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Rodrigo Constantino