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Ronaldo Caiado no Roda Viva: uma reação liberal incipiente, mas crescente
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O senador Ronaldo Caiado, do DEM, foi o entrevistado no Roda Viva desta segunda. Saiu-se bem. Logo na largada, disse seguir o pensamento liberal, sem rodeios. Já é algo raro em se tratando de Brasil, onde a esquerda detém (ou detinha) o monopólio da política e também cultural, e “neoliberalismo” virou palavrão após muita lavagem cerebral e propaganda enganosa. É verdade que logo depois qualificou que liberal não é anarquista (correto), e que ele enxergava a necessidade de um estado forte em certas áreas (ok), e incluiu nelas a regulação contra os excessos do mercado (um deslize perdoável).

Mas não deixa de ser alvissareiro ver que alguém como Caiado tem crescido sua base de apoio, tem ganhado destaque, sem medo de levar uma mensagem mais liberal aos eleitores, e também sem receio de enfrentar o PT com coragem e determinação, ao contrário do PSDB. Os tucanos, com sua postura pusilânime demais, poderiam aprender um pouco com Caiado sobre como lidar com os petistas.

O ponto alto da entrevista, em minha opinião, foi quando Caiado reafirmou o que já dissera antes, justificando seus motivos, que Lula é um bandido frouxo. A jornalista tentou arrancar dele um tímido recuo, como se ele tivesse incitando o clima de antagonismo, mas ele esfregou em sua cara quem faz isso, lembrando que sempre foi o próprio PT e o Lula que segregaram o país em “nós” contra “eles”. E ainda deixou claro porque Lula é frouxo sim, e irresponsável: quando acuado, convocou o “exército de Stédile” para lhe defender. Cesta de Caiado, jornalista com cara de paisagem.

Quando o assunto foi impeachment, Caiado deixou claro que defende novas eleições, e que a própria presidente Dilma deveria reconhecer a impossibilidade de continuar “governando” após o estelionato eleitoral, as “pedaladas fiscais” e a completa perda de legitimidade e credibilidade. Aécio Neves, se quiser capturar a indignação da população brasileira com Dilma e não perder muito espaço para Caiado, terá que adotar discurso mais firme também, afastando-se de FHC.

Uma pergunta capciosa tentou jogar todos os partidos na vala comum, questionando se Caiado agiria da mesma maneira se alguém do DEM fosse citado no escândalo. Sua resposta desarmou a jornalista: não é preciso especular, basta olhar os fatos. O DEM expulsou Arruda e Demóstenes Torres, enquanto o PT trata como heróis injustiçados os mensaleiros. A diferença de postura é evidente, e só não vê quem não quer, quem tem coração petista e saiu do “nunca antes na história deste país” para o “sempre antes na história deste país” como quem não quer nada, para defender o PT alegando que ele é “apenas tão ruim” quanto os demais.

Caiado mencionou outra característica podre do PT: a de demonizar os adversários, criar rótulos, espalhar mentiras. Ele mesmo já cansou de ser alvo dessa tática suja petista. Esse tipo de atitude mancha nossa democracia, impossibilita um debate sério calcado em ideias, prejudica os eleitores e o próprio país. Incapaz de conquistar seguidores por suas ideias e programas, os petistas partem para a grosseria, para o jogo sujo, para o “vale tudo”, dispostos a “fazer o diabo” para ficar no poder. O mensalão, Caiado disse e repetiu, era justamente um esquema corrupto de assalto do estado, um projeto totalitário de perpetuação no poder, e é preciso chegar ao chefe de tudo.

Em resumo, a entrevista foi boa, e mostra que a oposição ao PT não está morta. Caiado é articulado, mas pode melhorar ainda no embasamento das ideias liberais, nas propostas. Saiu-se bem na última pergunta, quando Augusto Nunes pediu para que comentasse a declaração de Sibá Machado, líder do PT na Câmara (sério!), de que a prisão de José Dirceu na nova fase da Operação Lava-Jato era um “golpe”, uma “aberração”, algo “orquestrado” e “midiático”, uma “perseguição contra o PT”. Caiado mostrou o quão infeliz e infantil foi a fala do petista, mas depois espetou: é triste acabar a entrevista rebatendo alguém como Sibá Machado!

De fato: é cada vez mais difícil levar qualquer petista a sério, ainda mais alguém como Sibá, o mesmo que afirmou que a CIA estava por trás das manifestações de milhares de brasileiros nas ruas do país todo. A que ponto o PT chegou?! Mas é o que lhe resta: afinal, ninguém muito melhor do que Sibá Machado aceitaria o papelão de defender o PT hoje em dia, de forma tão escancarada e ridícula.

Talvez o apresentador Jô Soares, que já disse que a biografia de Zé Dirceu era “impecável” e que Dilma não enganou seus eleitores. Mas há controvérsias se Jô é melhor mesmo do que Sibá Machado. Triste fim do PT. E que venha, finalmente, a oposição liberal, com muitos outros políticos como Ronaldo Caiado ou até mais enfáticos na mensagem em prol de menos estado e mais liberdade!

Rodrigo Constantino

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