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Fonte: Economist
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Houve um tempo em que eu não só lia a revista britânica The Economist, como até gostava. Uma revista com tradição, que teve como editor ainda no século XIX Walter Baghot, e que já foi identificada com o liberalismo clássico. Não mais. Esse tempo está no passado distante, remoto. Desde o apoio escancarado ao presidente Obama, a Economist passou a ser vista como uma revista “liberal”, entre aspas, alinhada ao pensamento “progressista”.

Basta lembrar da capa com Emmanuel Macron, tido como uma espécie de salvador da França, quiçá do Ocidente! E olha aí o resultado medíocre, para ser benevolente. Já Donald Trump foi tratado como um idiota, na melhor das hipóteses, e alguém muito perigoso. Mas olha os bons resultados aí, até agora…

O que dizer daquela capa com o Cristo Redentor alçando voo, na era lulopetista? O Brasil ia decolar, segundo a revista. Mas, como os liberais verdadeiros alertamos, era voo de galinha, bonança artificial, crescimento insustentável produzido pela disparada das commodities compradas pelos chineses e o baixo custo de capital nos mercados desenvolvidos. A revista teve que estampar outra capa com o Cristo rodopiando sem rumo, com risco de afundar na Baía de Guanabara. Mas era tarde demais.

No mercado financeiro a Economist passou a ser motivo de piada, um indicador ao contrário, tamanha a quantidade de equívocos em termos de timing. Quer ganhar dinheiro? Então faça o contrário do que diz a revista! Já no meio mais intelectual ela passou a ser chamada, carinhosamente, de The Ecomunist, para realçar seu viés ideológico mais à esquerda nas últimas décadas.

Vejam só a “barriga”: a revista divulgou uma entrevista com o conservador Ben Shapiro, que o próprio divulgou e gostou. Dias depois, quando seu novo livro, The Right Side of History, atingiu o número um de vendas segundo o NYT, a revista deu a notícia chamando Shapiro de um representante da alt-right. Caramba!

Quem conhece Shapiro sabe que ele despreza a “direita alternativa”, associada ao nacionalismo populista e ao racismo tribalista dos “supremacistas brancos”. Mas nem é preciso conhece-lo bem: na introdução do livro novo, motivo da entrevista na própria revista, Shapiro já descasca a alt-right sem dó nem piedade. Não obstante, foi rotulado pela revista como ícone da mesma. Uma piada, que não perde relevância pelo pedido de desculpas posterior.

Revelo esse caso aparentemente isolado apenas para mostrar como a The Economist virou um símbolo do pensamento de esquerda, aprisionada em estereótipos patéticos, dignos de uma CNN da vida. E fiz essa longa introdução para chegar na nova previsão da revista britânica: o governo Bolsonaro corre o risco de terminar logo! Confesso que nem considero o alerta em si terrível. Eu mesmo venho pressionando o presidente a largar um pouco as polêmicas desnecessárias nas redes sociais e governar de fato. Isso vai ao encontro da mensagem central da revista: “Unless he stops provoking and learns to govern, his tenure could be short”.

Mas é irresistível a troça. Vejo defeitos no começo de governo de Bolsonaro sim, e os tenho apontado. Acho que ele pode melhorar muito. Acho que deveria priorizar mais a reforma previdenciária, e deixar certas picuinhas de lado, pois a campanha acabou. Mas não acho que seu governo está na iminência de um colapso. E mesmo que eu tivesse essa sensação, admito que fiquei mais otimista após essa previsão catastrofista da Economist. Estou usando meu indicador com base no histórico, apenas isso…

Fecho com uma sugestão ao leitor: se é assinante da The Economist, troque já pela The Spectator, a revista britânica com viés conservador. Não vai se arrepender…

Rodrigo Constantino

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