Por Paulo Figueiredo Filho, publicado no Instituto Liberal
Nota do editor: Este artigo faz parte de uma série em três partes, a ser publicada ao longo do dia, em que os autores expressam seus posicionamentos a respeito da relação entre Eduardo Paes e o petismo/lulismo.
Sei que esse vai ser um dos meus textos mais impopulares. Vou ainda por cima, discordar, desta vez, de outro amigo, o Alexandre Borges. Vamos lá:
Está cada vez mais difícil de defender o prefeito do Rio, Eduardo Paes. A cada declaração de amor patética à presidente Dilma, eu procuro uma lixeira para vomitar. Mas qualquer um que o conheça sabe que ele não tem absolutamente nada de lulista ou dilmista. Zero. Nem de direitista. Nem de tucanista. Nem de porra-nenhumista. Apenas faz uma conta simples: Dilma Roussef, que ainda tem a caneta, tem o poder de decidir o seu futuro político.
Em sua cabeça, se Paes abandoná-la, em meio a um ajuste fiscal, poderá perder a verba federal para as dezenas de mega-obras em andamento na cidade – revitalização da zona portuária, corredores BRT, metrô, viadutos e arenas olímpicas, que formam um pacote de intervenções jamais feito por qualquer outro prefeito por aqui. Se seguir a estratégia do rompimento, correrá o risco de simplesmente não entregar as obras que deveriam consagrá-lo e, mais importante, de arriscar os Jogos Olímpicos. E dirá adeus a qualquer pretensão presidencial que tiver.
Caso Paes continue apoiando a presidente moribunda, sofrerá o desgaste político de associação a ela, é verdade, mas terá a certeza, como seu maior aliado, de que continuará recebendo o já escasso dinheiro da União. Entregará um Rio completamente transformado. Depois, poderá abandonar o lulismo e dilmismo com o mesmo desprendimento que descartou o tucanismo em 2007. E continuará sendo, no curto prazo, o único quadro relevante do partido do futuro presidente Michel Temer – que não poderá se reeleger. Não haverá candidato mais forte à presidência em 2018.
Eu concordo com sua estratégia maquiavélica e completa falta de compromisso com alguma linha ideológica? Como disse, ela me causa náuseas. E, apesar de ter trabalhado para ele em um passado longínquo e azulado, Eduardo Paes e eu estamos hoje em posições diametralmente opostas no espectro político.
Mas não se engane: trata-se de um político não alinhado com Foro de São Paulo, sob quem não pairam suspeitas éticas relevantes, com um razoável bom senso, respeito ao setor privado, boa relação com o empresariado, habilidade para transitar entre todos os partidos, um tremendo gestor e um cão de trabalho incansável. Ninguém me contou nada disso, eu vi pessoalmente.
E, no mundo real, isso é o melhor que teremos para o momento. Lamentavelmente, não tenho qualquer falsa esperança de um liberal-conservador convicto, capaz, com suporte político e chances de vitória na corrida presidencial de 2018. Os que tiverem apenas boas idéias, mas sem a capacidade de execução devem ficar no parlamento, ao qual pertencem e desempenham um papel fundamental. Como o próprio Alexandre Borges já disse, a política real é para quem tem estômago.
Em português claro: eu prefiro Eduardo Paes a Bolsonaro como Presidente da República, apesar da minha imensa e notória admiração por este último.
Agora podem sentar o pau em mim à vontade.
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