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Sobre o Enem: julguem por si mesmos
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Por Sérgio Nunes, publicado no Instituto Liberal

Dei uma breve analisada nas 45 questões de ciências humanas, e separei alguns autores citados e temas mencionados. Será que os jovens estão sendo treinados para analisarem as diversas visões de mundo ? Ou apenas uma ?

A questão aqui não é contradizer ou discutir a opinião de algum autor específico, ou ainda algum tema, mas mostrar que apenas um lado é discutido. Seguem alguns citados e alguns temas:

– Nada como começar com o filósofo Slavoj Zizek, uma das estrelas do marxismo atual, que nesta prova, emergiu com um texto propondo um ato de alteridade, comparando a ação do exército americano com o terrorismo do Talibã.

– David Harvey, geógrafo marxista que propõe a ocorrência de um cataclisma no sistema de produção capitalista (não especificamente na questão desta prova).

– Karl Mannheim, muito influenciado pelo marxismo, apesar de posteriormente se afastar da hipótese de violência revolucionária. Estudou em um Grupo de estudos de Lukács. Na questão, obviamente propõe que a visão individual é condicionada pela sociedade.

– Simone de Beauvoir, com suas ideias feministas, arguida por ter sido ao mínimo colaboracionista com o regime nazista, com algumas ideias que podem associar-se com pedofilia e misandria.

– Robert Reich, democrata americano, que contra todas as evidências empíricas, propõe uma hipótese de relação inversamente proporcional entre capitalismo e democracia. Para ele: “tax are the price we pay for a civilized society”. Posiciona-se criticamente a teias globais.

– Milton Santos, geógrafo com posições anti-globalização, anti-capitalismo, anti-burguesia, pró-socialismo.

– Agostinho Neto, antigo governante de Angola de partido de esquerda, inicialmente marxista, posteriormente centro-esquerda.

– Maria da Glória Gohm, professora de educação da Unicamp, defensora dos Conselhos Populares e do MST.

– Paulo Freire, que dispensa apresentações, um dos pilares da falha educacional no país, com sua educação libertadora, que não educa e nem liberta.

– Sidney Chaloub, historiador da Unicamp, que afirma: ” O governo Dilma foi exemplar nesses quesitos. Por conseguinte, a hipocrisia de caluniá-lo por isto é especialmente danosa à democracia e ao atual processo eleitoral”.

– Ali Masrui, apesar de crítico do comunismo na África, também é crítico do capitalismo e neoliberalismo no continente, com posições contra Israel.

– Jacques Le Goff, que considerava-se “um homem de esquerda”.

– Muniz Sodré, que integra(ou) o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social do governo, votou em Lula, apesar de tecer algumas críticas recentes.

– Porto Gonçalves, membro do Grupo Hegemonia e Emancipações do Conselho Latino-americano de Ciências Sociais (Clacso). Colunista (ou ex) da Revista Carta Maior.

– Nicolau Sevchenko, que afirmou sobre a elite: “esse processo como uma espécie de estratégia dos grupos dominantes para manter o sistema de privilégios nos quais estão encastelados desde a colônia”. Fala a favor de grupos civis que são críticos a biotecnologia.

– Wlamyra Albuquerque, pesquisadora que dentre seus artigos, escreveu para revista Perseu, da Fundação Perseu Abramo, do Partido dos Trabalhadores (PT).

– Lilia Morics Schwarz, professora da FFLCH, também empática ao conceito de conflito de classes e preconceitos, favorável a cotas.

– Ziraldo, que aparece com uma charge, não sendo demais afirmar que integrou comitiva com a Dilma, e diz que a ama.

– Sergio Buarque de Holanda , vinculado à esquerda .

– James Rachel , com tendências utilitaristas , defensor de ações afirmativas e ideias vegetarianas .

– Cita a publicação Caros Amigos, de tendência óbvia.

– De formação clássica, os únicos autores citados que detectei foram David Hume e São Tomás de Aquino.

– Em relação aos temas, várias questões ambientais, a proposição de grupos criminosos como o MST como forma de atuação democrática, questiona a direção econômica da China como oposição à extinção de classes, aborda a crise de 2008 com epicentro nos EUA esquecendo da crise atual com epicentro AQUI mesmo.

Ressalto que a questão no momento (isto pode ser feito em momento oportuno) não é combater qualquer um dos aspectos acima, uma vez que os estudantes devem conhecer todos os lados e abordagens, mas sim mostrar que os estudantes tem tido acesso apenas a uma visão de mundo, sendo tolhidos de maiores incursões em uma cultura mais geral. É mostrar, também, mais uma ingerência ideológica governamental na educação dos jovens.

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