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Trovão da direita – perfil da revista alemã Cicero agora traduzido
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Publiquei aqui a matéria que saiu na revista alemã Cicero sobre mim. Eis que agora, graças ao favor de Beate Forbriger, diretora do Instituto Fredrich Naumann (grande parceiro dos movimentos pela liberdade no Brasil), e do excelente trabalho de Bernardo Fialho, da mesma entidade, meu leitor terá acesso ao conteúdo do perfil traçado pela revista.

Trovão da direita

O blogueiro brasileiro Rodrigo Constantino demoniza com fervor o governo de esquerda do seu país. E com isso tocou um nervo central da classe média branca.

O brasileiro Rodrigo Constantino se autodescreve como “liberal sem medo de polêmica ou da patrulha da esquerda politicamente correta”. E, como se tivesse de provar isso repetidamente, ele escreve quase que ininterruptamente contra seus supostos inimigos. Várias vezes por dia aparecem novas tiragens no blog de Constantino, com o qual ele começou em 2005 por indignação com a vitória do Partido dos Trabalhadores (PT), de esquerda, dois anos antes: contra a presidente Dilma Rousseff, “uma mentirosa irresponsável e pouco esforçada”, contra o ex-presidente Lula da Silva, “o cabeça da máfia da esquerda” e contra o PT, “que quer fazer do Brasil uma Venezuela”.

Esse estilo pegou bem. Pouco tempo depois surgiram, a partir do seu blog, colunas em jornais. Ele ganhou importante influência em 2013, quando a revista de notícias semanal, conservadora e líder no país, a Veja, o recrutou. Como “trovão da razão”, subtítulo da sua coluna, ele já começou fazendo barulho, publicando até dez artigos por dia no seu primeiro mês. E não se deixou irritar ao gerar uma verdadeira tempestade no Twitter, onde muitos o escarneceram como “trovão do cabrão”. Além disso, foram lançados nove livros. Falta de dedicação não pode ser atribuída a ele.

Entretanto, o blogueiro de 39 anos, que antes da sua carreira de publicista trabalhou na bolsa de valores como fizera seu pai, tornou-se muito mais do que um colunista da direita. Até a influente revista americana Foreign Policy o descreveu como “uma cabeça de um movimento nacional” e o comparou com Andrew Breitbart, que até a sua morte em 2012 sinalizava por meio de vários canais da internet nos Estados Unidos a propagação do movimento do Tea-Party. E, de fato, Rodrigo Constantino leva a sua indignação com o cartel esquerdista do Estado e da opinião cada vez mais para as ruas. Durante as grandes manifestações da direita, que são promovidas atualmente e de forma contínua com crescente força de aceitação, ele apresenta-se frequentemente como orador, provocando ondas de entusiasmo com seus slogans “liberdade para o Brasil” ou “abaixo ao comunismo”.

SUA INDIGNAÇÃO É COMPREENSÍVEL. O país está atolado no caos. Em uma sequência de tirar o fôlego, o Brasil vivenciou uma condução coercitiva do ex-presidente Lula, um escândalo de escutas envolvendo o Palácio do Planalto e uma guerra aberta das instituições. Após anos de crescimento, a economia do país está no chão e a isso se soma o maior escândalo de corrupção da história – um caso de mais de dez bilhões de euros – chamado Petrolão/Lava Jato. E um processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff é cada vez mais provável por ela ter calculado de maneira ilegal o orçamento estatal. É tudo muito complicado e parece muito difícil encontrar um inocente dentre os políticos brasileiros, qualquer que seja seu partido, que possa atirar pedras legitimamente. Para Rodrigo Constantino, entretanto, a coisa é clara. “A esquerda mostra sua verdadeira cara, para ela o país é uma loja self-service”.

Na conversa, Constantino, com sua barba de três dias, fala sem qualquer estardalhaço. “Claro que fico lisonjeado quando as pessoas me veem como cabeça de um movimento”, diz ele. “Mas para mim a única coisa que importa é que o Brasil se torne um país melhor, com um tipo de Estado que se aproxime mais dos Estados Unidos ou da Europa ocidental. E, por isso, quero fazer a minha parte”. Para ele, um Estado saudável teria se apoiar nos pilares do liberalismo econômico e do conservadorismo cultural, além de promover a desregulação e as privatizações, como Ayn Rand, Friedrich Hayek e Milton Friedman escreveram. Para tanto, trabalha como blogueiro para os Thinktanks Instituto Liberal e Instituto Millenium, os quais corresponderiam ao modelo brasileiro do Cato Institute nos Estados Unidos.

No Brasil, a esquerda criou uma hegemonia cultural, como propagara Antonio Gramsci. Somente assim Dilma Rousseff conseguiu ganhar as eleições de 2014, apesar dos diversos problemas. Para Constantino, isso foi um choque tão grande, que o fez mudar do Rio de Janeiro para Miami. “Que país é esse, onde um governo tão ruim consegue permanecer no poder? Eu preciso me recuperar disso e quero que a minha filha de 14 anos possa vivenciar uma sociedade civilizada uma vez”.

A indignação de Constantino com o governo é compartilhada especialmente pela classe média branca brasileira. Dilma Rousseff ganhou as eleições principalmente graças aos votos do Nordeste do país. Lá vivem, acima da média, muitas pessoas afrodescendentes e pobres que se beneficiam dos programas sociais do Partido dos Trabalhadores. Quando fala sobre isso, Constantino aumenta o tom. Essa é exatamente a tática da esquerda: corromper a gente pobre com auxílios sociais e acusar de racismo as pessoas que, como ele, são contra isso. “Ao mesmo tempo são as pessoas pobres aquelas que mais sofrem com os erros catastróficos do governo”.    

Muito obrigado pela tradução, Bernardo. Muito grato pelo favor, Beate. E parabéns pela reportagem, Constantin Wissmann. Acho que foi justa na análise, e é exatamente assim que me vejo: como um soldado, entre tantos, dessa luta por mais liberdade e civilização em nosso país, mergulhado numa mentalidade ultrapassada e estatizante.

Rodrigo Constantino

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