Por Pedro Henrique Alves, publicado pelo Instituto Liberal
Bolsonaro é um conhecido não-conhecedor de economia, se é que a polidez linguística me permite tal início de texto. Justamente por não ser nenhum Hayek à brasileira, sabia que se aprofundar em temáticas mais espinhosas e acadêmicas sobre o livre mercado não seria uma estratégia louvável e sequer esperado. Por isso mesmo, creio eu, que alguém corretamente o instruiu a ser sucinto em seu discurso; com 40 minutos para discursar, o discurso do Presidente não deve ter passado de 10 minutos — contando com as perguntas dirigidas posteriormente ao curto discurso.
Ponto para Bolsonaro, ele não tinha obrigação nenhuma de fazer um discurso memorável, os recados esperados pelos empresários e investidores foram claramente dados no tempo utilizado. Disse que Sérgio Moro está equipado para fazer o que for necessário a fim de caçar corruptos e corruptores. Disse que Ernesto Araújo está imbuído da missão de fazer ligações comerciais e diplomáticas com o mundo, sem distinção político-ideológica, tendo apenas o crivo da democracia como condição (um recado às ditaduras diversas, mas com certeza com ênfase à Venezuela). Por fim, enalteceu o Ministro da Fazenda, Paulo Guedes, o grande responsável pela alma econômica do governo conservador; disse o Presidente que o menino de Chicago está com a faca e o queijo na mão para abrir o mercado castrado até o momento, desburocratizando a máquina pública e preparando o terreno para ser plantado o dinheiro externo.
O que os investidores esperavam ouvir, eles ouviram. Ponto. Por hora é isso que esperamos de Bolsonaro: atrair o mercado para o Brasil, país que até hoje é visto como uma terra prometida impossível de se investir.
No entanto, não sejamos ingênuos: serão os trabalhos diplomáticos e cavalheirescos no pós-discurso que darão o tom e as esperanças de sucesso econômico já para os próximos meses. Por isso mesmo Paulo Guedes terá encontros importantes com bancos internacionais, investidores e os demais dinossauros da economia mundial; assim como Moro e Araújo também exercerão seus protagonismos em encontros diversos.
O ponto alto — assim como surpreendente — da participação de Bolsonaro no 39º Fórum de Davos foi o seu compromisso com a preservação ambiental, unido, como deixou claro após as perguntas no segundo momento do discurso, ao crescimento econômico. Era tudo que um liberal engajado e não ligado às pautas políticas do ambientalismo queria ouvir. Unir preservação com crescimento é a receita contra a lacrosfera que conversa com samambaias, ao mesmo tempo em que atrai os capitalistas que querem lucrar. O ponto baixo, no entanto, foi não falar explicitamente, a não ser de relance, da reforma da previdência; que, a meu ver, junto à CLT fascista, é o principal motivo de susto quando investidores vêm ao Brasil.
Bolsonaro foi preciso, tanto quanto consciente diante das suas limitações de conhecimento econômico; não jogou purpurina em suas falas e nem aureolou suas respostas com a sua típica acidez ao tratar de pautas como “armamento” e “intervenção militar de 64”. Não duvidaria que Bolsonaro pudesse achar um caminho para falar de 64 em Davos, você duvida?
Tivemos um estadista prudente em Davos; ufa… Limitado? Sim, bastante. Mas um homem consciente de seus limites consegue mais prodígios do que um galo achando que é pavão.
Boa, Presidente.
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