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Um monstro com doutorado: quando os “intelectuais” liberam a barbárie da natureza humana
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Algo que sempre me espantou foi o fato de que nem sempre o acesso ao conhecimento traz junto valores morais. Ao contrário: existem vários “intelectuais” por aí que são verdadeiros monstros, sem empatia alguma pelo próximo, deixando o mundo abstrato das ideias dominá-los completamente. As ideologias, então, tornam-se máquinas de moer indivíduos de carne e osso, tudo em nome da “justiça social”. Já cansei de atacar essa casta da intelligentsia que banca a fina flor da sabedoria mundial, enquanto prega nada mais do que a pura barbárie.

O caso do Camboja é o mais espetacular de todos. Pol-Pot e seus principais cúmplices no maior genocídio relativo de todos os tempos – estima-se que um terço da população foi dizimado pelos comunistas – estudaram em Paris. Foi na Sorbonne que conheceram os pensamentos de Marx, por exemplo. Enquanto muitos julgam os camponeses como bárbaros ou brutos, gente sem educação, eram os “intelectuais” comunistas que liberavam a barbárie da natureza humana, eliminando esses pobres camponeses como se moscas fossem.

Esse artigo de Vilma Gryzinski sobre um desses monstros mostra como ideias têm consequências, muitas vezes nefastas. Elas podem servir de álibi para a consciência, ou a falta dela, em líderes que encaram os seres humanos como simples peças de xadrez, sacrificáveis em prol de sua utopia. Diz ela:

“Quero que meus compatriotas saibam que, como intelectual, sempre quis apenas a justiça social para o meu país.” Foi isso o que disse  na semana passada um dos maiores genocidas da história do século XX, período em que não faltaram concorrentes. Mas Khieu Samphan, o rosto mais visível do regime comunista no Camboja, está certo. Ele é realmente um intelectual que estudou na Sorbonne, tal como o líder mais importante do Khmer Vermelho, Pol Pot. A tese de doutorado de Khieu Samphan, intitulada A Economia e o Desenvolvimento Industrial no Camboja, inspirou-se na Teoria da Dependência, cujo formulador mais conhecido é o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso – ah, como é cruel a lei das consequências indesejadas.

Kieu Samphan e Nuon Chea, chamado na era do terror vermelho de Irmão Número Dois, já foram condenados à prisão perpétua por crimes contra a humanidade, as barbáries  inomináveis cometidas quando estavam no poder. O julgamento atual é por genocídio dirigido a grupos específicos: cambojanos muçulmanos (500 mil mortos), de origem vietnamita (20 mil) e pertencentes à pequena minoria cristã (oito mil).

Testemunhas que sobreviveram ao horror estão contando o que viveram e viram. Dá vontade de desistir da raça humana. Meu Peou era um menino quando foi preso como inimigo do estado por roubar arroz para sobreviver. Seu pai já tinha morrido de fome, por não aceitar, como muçulmano, comer carne de porco. Meu Peou viu soldados do Khmer Vermelho mandarem uma prisioneira tirar a roupa. Ela foi morta na ponta da faca. “O fígado dela foi tirado e cozido para eles comerem”, relembrou o homem, chorando. Ao todo, ele perdeu 17 familiares.

Sim, caro leitor, os comunistas de fato comeram criancinhas e praticaram canibalismo. Era a sua ignorância que fazia com que você fosse enganado pela propaganda enganosa dos comunistas, que ridicularizavam aqueles que constatavam o fato. É a reação mais básica de um comunista, enrustido ou não: “Ah, você tem medo de comunistas? É porque eles comiam criancinhas”. E segue-se a isso o riso, quiçá a gargalhada. A ignorância é uma bênção… ou não.

Para “salvar” o Camboja, Pol-Pot e os demais psicopatas do Khmer Vermelho, após estudarem na França, estavam dispostos a eliminar até o último dos cambojanos. Raios! Se esses homens de carne e osso insistem em não se curvar diante da visão idealizada que os “intelectuais” fazem deles, então só resta eliminá-los. É o preço para se criar o “novo homem” e, com ele, o “novo mundo”. Afinal, não se fazem omeletes sem quebrar os ovos, e “um novo mundo é possível”.

Para se chegar a tais conclusões, às vezes é mesmo preciso ter um doutorado em Paris. Pessoas comuns, com os pés no chão, normalmente têm mais bom senso, além de humanidade. Hitler e o nazismo foram defendidos por muitos “intelectuais”, como o comunismo. Em proporção diferente de estrago, Lula e o PT também chegaram ao poder graças aos “intelectuais”. Já Ronald Reagan, o melhor presidente americano, era detestado por esses “intelectuais”. É preciso ter cuidado com um monstro com diploma. O último ajuda a esconder o primeiro…

Rodrigo Constantino

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