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Por Roberto Ellery, publicado pelo Instituto Liberal

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Enquanto justificava o cortes, digo contingenciamentos, nos orçamentos das universidades federais o presidente Jair Bolsonaro afirmou que não temos universidades entre as 250 melhores do mundo (link aqui). Pelo ranking da Times Higher Education (link aqui) a afirmação é verdadeira, de fato a universidade melhor classificada é a USP que aparece na faixa de 250 a 300. A afirmação também não é exatamente uma novidade, embora não seja o único do tipo trata-se de um ranking bem conhecido. O que me causou alguma estranheza foi colocar a afirmação no meio das justificativas para o contingenciamento. Não me entendam mal, existem vários problemas sérios de gestão, de financiamento e de incentivos que precisam ser superados, exatamente por conhecer bem esses problemas e por ter uma ideia da distribuição das melhores universidades pelo mundo que vejo a colocação da USP como uma surpresa positiva e não como algo a ser criticado.

Não esperem encontrar aqui uma crítica ao contingenciamento, como disse várias vezes no meu perfil no Facebook eles são inevitáveis dada a situação fiscal do país. O que me deixou incomodado foi que o governo resolveu divulgar o contingenciamento como se fosse uma coisa desejável sem ter um diagnóstico do problemas das universidades e, mais grave ainda, sem ter um projeto para o ensino superior que, por exemplo, abrisse alternativas para que as universidades federais buscassem outras fontes de financiamento para compensar a verba do Tesouro. Nesse contexto afirmar que não temos uma universidade entre as 250 melhores pode ter sido apenas mais um resultado do governo não ter feito o dever de casa antes de mexer no vespeiro que é a educação. A verdade é que poucos países de renda média-alta, grupo onde o Banco Mundial classifica o Brasil, possuem universidades entre as 250 melhores do mundo.

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A figura abaixo mostra em que países estão as 250 melhores universidades do mundo de acordo com o ranking da Times Higher Education. Apenas três países de renda média-alta aparecem na lista: China, com sete universidades, Rússia, com uma universidade, e África do Sul, com duas universidades. Dos vinte e oito países onde estão as 250 melhores universidades do mundo apenas um, África do Sul, possui um PIB per capita menor que o brasileiro. Das 250 universidades listadas apenas nove, duas na África do Sul e sete na China, ficam em países com PIB per capita menor que vinte mil dólares internacionais (segundo o FMI em 2018 o PIB per capita do Brasil em dólares internacionais foi de U$ 14.360). Nenhuma das 250 melhores universidades do mundo fica na América Latina.

Olhar o ranking para além das 250 melhores pode ser um exercício interessante. O degrau seguinte do ranking, 250 a 300, é onde aparece a USP. Entre as trezentas melhores o Brasil se junta a China, Rússia e África do Sul e forma o clube dos países de renda média-alta na lista. É isso mesmo, apenas quatro países de renda média-alta possuem pelo menos uma universidade entre as 300 melhores do mundo e o Brasil é um deles. A figura abaixo mostra a distribuição das 300 melhores universidades entre os diversos países.

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