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Vendas de Natal decepcionam, mas foco deveria estar do lado da oferta
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A Associação dos Lojistas de Shopping (Alshop) considerou as vendas do Natal o pior resultado dos últimos cinco anos. O crescimento das vendas foi de 5%, de acordo com a Alshop. Dados da Serasa Experian também apontam desempenho fraco do comércio na semana da data (18 a 24 de dezembro), na comparação com igual período do ano anterior. As consultas ao serviço de proteção ao crédito para o Natal cresceram 2,7% em todo o país, pior resultado desde 2003, quando o levantamento começou a ser realizado.

Segundo os economistas da empresa, o encarecimento do crédito, com as sucessivas altas nas taxas de juros, foi o motivo para o desempenho, além do elevado nível de endividamento e a diminuição da confiança dos consumidores.

As vendas de Natal mais fracas sem dúvida apontam para uma direção preocupante: o desaquecimento visível de nossa economia. O governo tentou estimular a demanda de todas as formas, achando que, com isso, haveria aumento dos investimentos. Carlos Alberto Sardenberg, em sua coluna de hoje, resumiu bem a coisa:

Tudo somado e subtraído, pode-se dizer que algumas ideias e práticas saíram errado. Por exemplo: estimular o consumo não leva naturalmente ao aumento dos investimentos, como acreditavam (ainda acreditam?) a economista Dilma e seus seguidores. Mais consumo sem investimentos deu em inflação e déficit nas contas externas, pela via do aumento das importações.

Ainda assim, o foco obsessivo do governo e da imprensa nos resultados de vendas de varejo já denota um viés keynesiano equivocado, em minha opinião. A ideia de que é o consumo maior que gera mais crescimento econômico, puxando a oferta, é análoga a colocar a carroça na frente dos bois, achar que o rabo é que balança o cachorro.

O economista Mark Skousen aponta um exemplo dessa típica falha: “Especialmente durante as festas natalinas, a mídia informa quase diariamente sobre as perspectivas das vendas a varejo, sugerindo que, se as vendas do Natal subirem, a economia está saudável e sólida. Por trás desses relatórios está a noção de que, se as festas natalinas durassem o ano inteiro, a economia poderia se expandir ainda mais”.

Entre vários problemas no cálculo do PIB, talvez o mais importante seja esse foco excessivo nos gastos, tanto dos consumidores como do governo. Isso passa a ideia de que são os gastos que geram a produção e, portanto, o crescimento econômico. O lado da oferta acaba esquecido.

O governo adora essa carta branca para expandir seus gastos em nome do estímulo ao crescimento do PIB. E o resultado acaba sendo uma redução tanto da capacidade produtiva da economia como do bem-estar geral. O PIB poderá até mostrar algum crescimento no curto prazo. Mas não será sustentável.

Para o país voltar a crescer aceleradamente e de forma sustentável, precisa aumentar sua produtividade. É o lado da oferta que importa! É preciso investir mais, ter regras do jogo mais claras, menos intervencionismo estatal, mais liberdade econômica.

Sem isso, cada Natal que passar ficaremos discutindo o crescimento pontual das vendas, sem se dar conta de que a capacidade produtiva da nossa economia perde força vis-à-vis os pares globais.

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