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Que o socialismo e o fascismo são parentes próximos é algo que todo historiador sério sabe. Mussolini bebeu de fontes socialistas, foi socialista, e queria salvar o socialismo, só que por meio de uma mistura com o nacionalismo. Basta trocar classe por nação que o socialismo logo se transforma em fascismo. Mas muitos ainda negam o parentesco, tentando blindar a utopia socialista.

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Até o jornal O GLOBO, porém, com claro viés “progressista”, reconheceu em seu editorial de hoje que o caso venezuelano se aproxima de um fascismo, que o “socialismo do século XXI” levou, na prática, aos fins similares aos do fascismo. Claro, pode ser uma tática para “transformar” o socialismo, que aparece apenas uma vez entre aspas, em fascismo, mas ainda assim fica evidente que a esquerda bolivariana construiu um modelo similar ao de Mussolini. Diz o jornal:

O regime instituído há 19 anos por Hugo Chávez tem sido sustentado por Maduro com meios similares aos do fascismo, no objetivo permanente de aniquilar a oposição.

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O resultado está à vista. A “revolução” chavista resumiu-se à legitimação de uma cleptocracia que lucra na corrupção sobre os negócios governamentais e, também, no narcotráfico, atividade em que se envolveu parte das Forças Armadas, como mostram processos judiciais nas cortes de Miami, Washington, Nova York e das principais cidades europeias.

O projeto do “Socialismo do Século XXI”, nascido no jorro de petrodólares que irrigou as finanças de partidos, candidatos e ativistas acadêmicos em vários países — inclusive no Brasil, onde até escolas de samba tiveram um quinhão da tesouraria chavista —, resultou na Venezuela que está aí: com inflação acima de 13.000% neste ano, e queda de 45% no Produto Interno Bruto desde que Maduro assumiu, em 2013.

O legado da era Chávez-Maduro é a ruína, retratada pelas hordas de refugiados de uma crise que se agrava diariamente na escassez de alimentos, remédios, produtos de higiene, energia, água potável e combustível para transportes. Mais de meio milhão de venezuelanos fugiram para a Colômbia e cerca de 70 mil estão no Brasil.

Fernando Gabeira, falando de coxinhas e mortadelas, acabou associando o comunismo ao fascismo também em sua coluna de hoje:

Coxinhas e mortadelas, na verdade, formam uma oposição até bem humorada. Uma oposição entre carne branca e vermelha que talvez viaje no nosso inconsciente antropofágico.

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[…]

Tanto o fascismo como comunismo, cada um no seu estilo, deixaram milhões de mortos, em regimes onde a liberdade também foi sepultada. Quem é chamado de fascista ou comunista sente-se, no caso de não sê-lo, bastante ofendido.

Mas isso não é o principal efeito colateral dessa leviana troca de acusações. O fascismo é uma experiência histórica bem definida. O primeiro efeito colateral negativo de acusações infundandas é banalizá-la e portanto, desativar sua rejeição e torná-lo mais perigosa caso apareça no horizonte.

O outro efeito colateral das acussões recíprocas é a falsa sensação de que comunismo e fascismo são o verdadeiro antagonismo na sociedade brasileira.
A ambos interessa que o antagonismo seja esse. No entanto, ele mascara os diversos pontos em comum que os regimes comunistas e fascistas partilham: repressão política, partido único e suas consequências.

E esconde o verdadeiro adversário do fascismo e do comunismo: a democracia, solução negociada dos nossos problemas.

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Ou seja, Gabeira, também “progressista” e de esquerda, reconhece que o fascismo e o comunismo são parecidos, antidemocráticos, totalitários, coletivistas. Seu erro no texto é ignorar que a extrema esquerda é mesmo comunista, e defende abertamente o modelo venezuelano ou cubano. PT, PSOL e PCdoB, além de alas da Rede e do PDT, pregam abertamente a mesma receita comunista adotada por Chávez e Maduro. Os mortadelas são comunas mesmo!

Não deixa de ser alvissareiro, contudo, quando a esquerda mais moderada brasileira passa a admitir que o comunismo e o socialismo são, no fundo, parentes próximos do fascismo. É o que a direita tenta explicar há décadas!

Rodrigo Constantino