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A pandemia de coronavírus colocou o sistema de saúde público do Espírito Santo em uma grave crise. O Estado já totaliza 3.714 casos confirmados de COVID-19. Denúncias da Associação Médica do Espírito Santo (Ames), apontam que as decisões tomadas pelo governo estadual para combater o vírus estão trazendo graves prejuízos para milhares de pacientes crônicos.

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De acordo com Leonardo Lessa Arantes, presidente da entidade, há um desmonte das equipes de especialidades médicas nos hospitais públicos da Grande Vitória. “Recebemos várias denúncias de médicos especialistas e suas equipes que simplesmente foram removidas de suas funções e com isso os pacientes crônicos das mais diversas doenças, foram abandonados. Diversos pacientes, seja em tratamentos de câncer, cardíacos, portadores de doenças neurológicas e ortopédicas estão desassistidos”, avalia.

Segundo Lessa, o governo do Espírito Santo transformou o Hospital Dório Silva e o Hospital Estadual Dr. Jayme Santos Neves em atendimentos exclusivos à COVID-19, desalojando destas unidades as equipes de especialidades. “A equipe de ortopedia do Jayme Santos Neves, por exemplo, foi dispensada durante o horário de plantão, o que demonstra um total desrespeito à classe médica e aos pacientes. Na unidade havia pacientes ortopédicos internados, alguns com cirurgias marcadas e outros com urgências ambulatoriais para serem atendidas. A equipe de neurocirurgia também foi dispensada da noite para o dia”, detalha.

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O presidente da Ames conta que as denúncias recebidas pela entidade apontam que no Hospital Dório Silva equipes de Cirurgia Geral, Vascular e Plástica foram desviadas, de uma forma descabida, para o atendimento à COVID-19. “Estamos falando de excelentes especialistas que foram retirados das suas funções e designados de forma irresponsável para o atendimento ao coronavírus sem o devido treinamento e orientação e sem a opção de recusar – em caso de recusa são desligados”, alerta.

Há ainda denúncias sobre a falta de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) e de testagem para os profissionais da saúde que estão na linha de frente em combate à pandemia. “A AMB repudia esse ato de descaso e desrespeito à classe médica e a população que está abandonada e sem saber onde buscar por atendimento”, destaca o presidente da AMB, Lincoln Ferreira. O presidente da Federada faz mais um alerta, “não tendo onde serem atendidos, os pacientes vão procurar os serviços de emergência que estão lotados com casos suspeitos e confirmados de COVID-19. Com essa exposição, o número de infectados por coronavírus no Espírito Santo vai aumentar consideravelmente, o que fará com que o sistema de saúde público entre em colapso” explica Lessa.

A Ames encaminhará as denúncias ao Ministério Público do Federal, ao Ministério Público do Federal, ao Ministério Público do Trabalho, ao Conselho Federal de Medicina (CFM) e ao Conselho Regional de Medicina do estado. “A AMB apoia a atuação da Federada e reitera seu papel de vigilância em defesa da classe médica e para garantir que a população tenha um atendimento seguro e de qualidade”, pontua Diogo Sampaio, vice-presidente da AMB.