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Cada vez mais refém do centrão…
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Vem mini reforma ministerial aí, e não é para melhor. Sai Onyx Lorenzoni e o general Ramos, e entram Ciro Nogueira e talvez David Alcolumbre. Nogueira é o presidente do Partido Progressistas, importante aliado do governo, mas ícone do chamado "centrão", do grupo fisiológico que tem pouca ideologia e muita sede por cargos e recursos. Ele já esteve ao lado do PT e de Lula, e hoje é apoiador de ocasião de Bolsonaro.

A notícia é péssima para o país. Mostra como Bolsonaro é cada vez mais refém do Congresso. Para garantir alguma governabilidade e para se blindar também da enxurrada de pedidos de impeachment, o presidente precisa jogar de acordo com as cartas, dançar de acordo com a música - e quem dá as cartas e escolhe a música é justamente o centrão.

Se ele quer que André Mendonça seja aprovado na sabatina, precisa ceder. Se ele deseja ver as reformas pendentes propostas por Paulo Guedes andando, ele tem de entregar "alguma coisa". Pelo patriotismo apenas não vai, isso já está claro para todos os realistas. E, justiça seja feita, as reformas de Guedes estão avançando sob o novo comando da Câmara e do Senado, como mostra reportagem do Poder360 hoje:

43% dos projetos econômicos citados como prioritários pelo próprio governo foram aprovados até o recesso. Na lista consta o projeto que abre caminho para a capitalização da Eletrobras, a autonomia do Banco Central e a PEC Emergencial, que criou ferramentas para a gestão de recursos públicos e a volta do auxílio emergencial. Além dessas proposições, também foram liquidados vetos do marco regulatório do saneamento e da lei de falências logo no início das novas gestões das Casas, nos primeiros meses deste ano.

Ou seja, para seguir na direção certa, é necessário ceder. O ideal seria dividir o poder por meio de consensos prioritários por puro espírito público, mas isso é idealismo romântico. A alternativa totalitária e corrupta é comprar o Parlamento, como fez o PT com o mensalão e o petrolão. Política é a arte do possível. Governar é escolher as prioridades e atrair base de apoio, de preferência de maneira republicana. Mas não sejamos inocentes: o Brasil tem dono!

Tem gente que não gosta de apontar para o fato, pois não haveria alternativa ao presidente e é fácil só ficar criticando de cima de uma torre de marfim. Mas apontar o problema é necessário sim! E claro que os parlamentares "bolsonaristas" e os "liberais" que se mostraram traidores ajudaram a jogar Bolsonaro ainda mais no colo dessa turma, com pedidos de impeachment e tudo. Seu enfraquecimento o torna mais refém dos chacais e hienas.

Eis o diagnóstico sincero: Bolsonaro é refém do centrão. Eis a receita para a doença: eleger parlamentares melhores, mais alinhados com as pautas reformistas e com espírito público. O problema é que isso demanda uma reforma política, com voto distrital, fim dos fundos eleitoral e partidário, descentralização de poder. E aprovar uma reforma dessas implica em perda de poder para os caciques partidários, justamente os que controlam o jogo. Daí o dilema...

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