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Quem achava mesmo que o abuso de poder, incluindo a censura, ficaria concentrado todo ele contra direitistas não leu os livros de história sobre regimes autoritários. E não foi por falta de aviso! A analogia feita ad nauseam por conservadores, inclusive aqui, segue válida: quando se abre a porteira para passar um boi, passa a boiada inteira. Ao delegar um poder arbitrário aos “donos do poder”, como se eles não mais precisassem respeitar as regras do jogo, era apenas natural que esse poder demasiado fosse ser usado contra tudo e todos que os incomodassem.
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O alvo da vez foi a ESPN. O canal esquerdista suspendeu a participação de seis jornalistas após um programa com crítica à CBF. Houve forte reação de esquerdistas nas redes sociais, reclamando de censura. Era a mesma turma que até ontem estava aplaudindo a censura a jornalistas de direita. A falta de coerência mostra que essa turma não está preocupada com a liberdade de expressão como um princípio inegociável, mas somente com o seu direito de opinar. O problema, claro, é que foi aberto o precedente. Ou melhor, a porteira.
Os militantes dos jornais, por ódio ou nojinho de Jair Bolsonaro, além de milhões de recursos públicos para persuadi-los, resolveram incentivar a censura, o arbítrio e a perseguição aos conservadores. Ao agirem assim, criaram um monstro que irá devorá-los em seguida
A CBF já não tem reputação de idoneidade faz tempo, mas a revista Piauí, também de esquerda, publicou uma reportagem nesta quarta mostrando seu elo com o decano do STF. O título é sugestivo: “A caneta amiga de Gilmar Mendes”. O subtítulo explica melhor: “O instituto do qual o ministro é sócio fechou um contrato milionário com a CBF. Meses depois, Gilmar deu uma liminar que salvou o mandato do presidente da confederação”. Será que a Piauí vai entrar na mira do STF também?
A verdade é que a turma suprema perdeu o pudor, pois até aqui contou com a cumplicidade da velha imprensa, quando seus alvos eram apenas “bolsonaristas”. O governo Lula emprestou aviões da FAB ao STF e ainda colocou a lista de passageiros em sigilo por cinco anos! Virou escárnio total. Como disse o deputado Nikolas Ferreira, a Venezuela está com inveja! Aqueles que “salvaram a democracia” não conseguem mais ter qualquer contato com o povo: precisam de carros blindados, inúmeros seguranças e jatinhos “particulares”. Pelo visto “salvar a democracia” tem um elevado custo de popularidade, ou seja, agrada os militantes das redações dos jornais, mas não o povo!
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Nada disso seria possível, repito, sem a cumplicidade da velha imprensa. Eis um exemplo: na Folha de SP, Mariliz Pereira Jorge escreveu que a cabeleireira (seu nome é Debora) “não é julgada por pichação de uma estátua”. A militante acrescentou: “Ela é acusada de abolição do Estado democrático”. E ainda concluiu: “Não importa que carregasse apenas um batom”. Eis o nível do nosso “jornalismo”! Debora tinha somente um batom, mas a velha imprensa finge que ela tinha a intenção e a capacidade de derrubar nossa democracia, tudo isso usando apenas um batom!
Os militantes dos jornais, por ódio ou nojinho de Jair Bolsonaro, além de milhões de recursos públicos para persuadi-los, resolveram incentivar a censura, o arbítrio e a perseguição aos conservadores. Ao agirem assim, criaram um monstro que irá devorá-los em seguida. Toda “revolução” foi assim. Essa gente pecou por falta de princípios, sem dúvida, mas mesmo considerando apenas o ponto de vista pragmático, eles pecaram por ignorância histórica. Abriram a porteira, e queriam que só um boi passasse. Restou combinar com a boiada...





