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Uma reportagem do GLOBO deste fim de semana destacava na chamada: "Passarela e redes sociais exaltam mulheres de diferentes formas, tamanhos e idades". Em seguida, abria com a história de uma modelo "plus size", que diz sempre receber olhares surpresos quando revela sua profissão: “Quando digo que sou do segmento plus size, entendem e acham maravilhoso. As pessoas não estão acostumadas com essa realidade. Para elas, Gisele Bündchen ainda é a personificação da figura da manequim”.

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Eu pergunto... por que será? A reportagem afirma que ela e outras modelos diferentes, mais velhas ou acima do peso, são "todas lindas e confortáveis em seus próprios corpos, independentemente de peso, altura e idade". Que fofo! E a mensagem essencial pode ser espremida no uso desse termo, usado pelo jornal: "democratização".

A "democratização", nesse sentido dado pelos "progressistas", é o fim do mérito e de qualquer padrão minimamente objetivo de beleza. Todos precisam estar representados na passarela. Podemos aplicar essa lógica ao trabalho da imprensa também, e para "democratizar" os jornais, sem levar em conta qualquer critério de mérito individual, pode-se substituir jornalistas formados por analfabetos. Talvez até melhore o nível...

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Assim que publiquei a reportagem, com tom de crítica, a patrulha do politicamente correto logo apareceu ofendidíssima com a ideia de um padrão objetivo ou universal de beleza, como se Gisele Bundchen e a esposa do Macron fossem "apenas diferentes" do ponto de vista estético. E quem ousar dizer o contrário é um preconceituoso!

É muita hipocrisia e covardia. Muitas dessas que repetem esses chavões passam o dia nos salões, usam maquiagem, frequentam a academia, e depois posam de desapegadas para ficar bem com o público. É tudo "poser", como se diz por aí.

Não nego que o padrão ocidental de beleza seja rigoroso, e que muitas mulheres se sintam pressionadas demais. Precisam ser mães, trabalhadoras, esposas, e ainda atender a essa expectativa de "corpo ideal". Juro que compreendo a revolta. Mas é preciso cuidado para não passar do ponto.

Sobre a "gordofobia", que a mídia tenta enfiar goela abaixo do público, vale lembrar o motivo da rejeição histórica: denota uma saúde problemática. A obesidade é um dos maiores problemas de saúde nos Estados Unidos hoje, e no Brasil não fica muito atrás. Quem passa pano nisso não está consolando gordos, mas sim os prejudicando. Ou vamos enaltecer a anorexia agora também, em nome da "democratização" de estilos?

Isso que está acontecendo tem tudo a ver com a era do subjetivismo exacerbado, do emotismo radical, do império dos desejos. Antigamente era tida como virtude a determinação, a força de vontade do indivíduo. Hoje tem que ser visto como lindo não ter qualquer freio e dar vazão aos apetites. "Faço o que me dá na telha e não ligo para os outros", diz a mentirosa que tenta se convencer de que não morre de inveja da gostosa ao lado.

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Tem um livro bom, uma distopia, sobre esse "igualitarismo" na beleza, movido pela pura inveja, como todo igualitarismo. Chama-se Facial Justice, do inglês L.P. Hartley. Já resenhei na Gazeta.

O livro é citado na excelente obra de Helmut Schoeck sobre o tema da inveja, intitulado Envy: a Theory of Social Behaviour. Na sátira, Hartley chegava a uma conclusão lógica, expressada por Schoeck em seu livro, sobre a estranha tentativa de legitimar o invejoso e sua inveja, de forma que qualquer um capaz de despertar inveja seria tratado como antissocial ou criminoso.

Em vez de o invejoso ter vergonha de sua inveja, é o invejado que deve desculpas por ser melhor. Há uma total inversão dos valores, explicada apenas por uma completa aniquilação do indivíduo em nome da igualdade coletivista. Como conclui Schoeck: “O desejo utópico por uma sociedade igualitária não pode ter surgido por qualquer outro motivo que não a incapacidade de lidar com a própria inveja”.

Vinícius de Moraes é o autor da famosa frase sobre a importância da beleza, e fecho com sua explicação após a polêmica gerada:

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Entendo o interesse mercadológico nessa coisa de enaltecer modelos "plus size", mas é preciso colocar um limite nessa coisa de "democratização". Cansa dizer o óbvio, mas é preciso fazê-lo. A gorda pode ser mais bonita "por dentro", uma pessoa melhor, mais decente, e beleza estética não é tudo na vida, certamente; mas isso não faz dela uma modelo como Gisele Bundchen! É como um anão querer jogar basquete com LeBron em nome da "democratização" no esporte...