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Como os tucanos estão vendo a situação no país? Acho que o comentário do economista Ricardo Amorim, do Manhattan Connection, resume bem esse ponto de vista: "Como um autocrata destrói uma democracia? 1. Racha o país em nós contra eles, 2. Fragiliza todas instituições, 3. Descredibiliza processo eleitoral, 4. Convence apoiadores de que é perseguido por suas virtudes e de que eles são maioria, 5. Se perder as eleições, adeus democracia".
É um ponto de vista, sem dúvida, mas o vejo como bem equivocado. Como um típico conservador está vendo o mesmo cenário: o presidente foi eleito, mas não consegue governar direito; o STF age como partido de oposição, perseguindo bolsonaristas; o establishment tem feito de tudo para derruba-lo, com o apoio da imprensa, enquanto soltou Lula e o tornou elegível; a própria democracia corre perigo, não por conta de Bolsonaro, mas de seus adversários; resta a ele apenas demonstrar o enorme apoio popular, para deixar claro o alto custo de um golpe escancarado contra a direita.
Veremos a quantidade de apoio no dia 7 de setembro. As manifestações precisam ser um sucesso de público para reforçar o discurso de Bolsonaro e tentar forçar os ministros do Supremo de volta para dentro do seu quadrado constitucional. Mas se trata de uma jogada arriscada, sem dúvida. Primeiro, pela possibilidade, ainda que remota, de Bolsonaro não conseguir tanta adesão. Segundo, pelo risco de degringolar em direção ao caos e violência.
E a esquerda não é boba, sabe disso. O próprio José Dirceu escreveu coluna convocando militância para sair às ruas no mesmo dia sob o pretexto de "impedir vandalismo e violência". Piada, já que os atos da direita patriota costumam ser pacíficos, enquanto as manifestações da própria esquerda é que sempre descambam para quebra-quebra. Dirceu também fez uma análise numa entrevista da possibilidade de um efeito bumerangue das manifestações contra Bolsonaro, caso haja confusão.
Aliás, um parêntese: generalizar é ruim, mas relativizar é ainda pior. Afirmar que "há minorias violentas em manifestações tanto da esquerda como da direita" é fechar os olhos para o FATO de que, na esquerda, ato violento é a REGRA. Ou seja, TEM MÉTODO ali, os comunistas acreditam que só atos violentos chamam a atenção e pensam que seus "nobres fins" justificam quaisquer meios. Patriotas vão com famílias, verde e amarelo e paz. Assim tem sido.
Ou seja, a esquerda radical parece claramente desejar a confusão. Ela conta com isso para fazer do limão uma limonada, para reverter uma manifestação enorme em algo negativo para o presidente. E quando a esquerda quer uma coisa, ela tende a causa-la. Trocando em miúdos, os capangas de Dirceu pretendem produzir o caos, que é a única coisa que comunistas sabem fazer, na verdade.
Aí que mora o perigo. Diante disso, todo cuidado é pouco. Os patriotas precisam manter a calma, mostrar união, resistir às provocações e não cair na tentação de reagir. A polícia estará lá para isso, e já teve gente com a ideia de todos se sentarem no chão caso alguém inicie algum vandalismo, para deixar bem visível quem é o autor do crime. Para atender aos interesses nacionais de servir contra a censura suprema, as manifestações precisam ser gigantescas e pacíficas. É um desafio e tanto, sabendo-se das intenções da esquerda, que certamente vai infiltrar militantes.
Causa espanto, nesse quadro, a autorização para que ambos os lados estejam presentes. Até porque há precedentes em que a polícia pediu mudança de jogos para evitar confronto de torcidas. E, no tribalismo atual, nossa política se parece cada vez mais com o futebol, com torcidas organizadas de cada lado, de forma binária. É o tal "nós contra eles" a que Amorim se refere lá em cima, e que ele responsabiliza Bolsonaro, enquanto a direita culpa Lula e seus companheiros por esse clima.
O tribalismo não é saudável, de fato, para a política. Mas é preciso reconhecer também quando não há muita alternativa. A tal "terceira via" se mostrou um engodo até aqui, todos eles esquerdistas disfarçados de imparciais, que no fundo demonizam Bolsonaro e aliviam a barra do maior corrupto que o país já teve. O novo nome aventado é o do senador Alessandro Vieira, que culpou Bolsonaro pela morte com Covid de um ator global octogenário e vacinado. É esse o nível dos nossos "moderados"...
Se a escolha caminha mesmo para um afunilamento entre o ladrão comunista, com sua ameaça escancarada de censura, e Bolsonaro, então a postura de "isentão" dos tucanos será, na prática, um voto no PT. Lideranças tucanas, como FHC e Tasso Jereissati, já saíram do armário socialista. Parece questão de tempo até que os outros façam o mesmo. E aí estará definido o embate binário mesmo: é Lula ou Bolsonaro.
O Brasil nunca esteve tão polarizado! Policiais, ruralistas, evangélicos, tias do Zap e trabalhadores patriotas de um lado, contra comunistas, traficantes, cartel dos bancos, corruptos e globalistas autoritários do outro. Uns clamam por império das leis e respeito à Constituição, outros querem confusão e arbítrio supremo. Puxa vida, que dilema terrível...