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Culto à personalidade e a seita em torno do “mito”
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Chesterton dizia que não se importava com o sujeito não acreditar em Deus, mas sim com o que ele colocaria nesse lugar. Infelizmente, muitos colocam a política. A transferência do sentimento religioso para a seara política é temerária, pois a política não é o ambiente adequado para a reverência, a idolatria, o romantismo idealista.

A esquerda criou, com o comunismo, uma espécie de religião secular, como vários pensadores já apontaram. Mas não é exclusividade da esquerda. Os regimes totalitários de "direita" também endeusavam seus líderes, tidos como incorporação quase divina dos "anseios populares". Tal mentalidade é um perigo, e incompatível com a democracia saudável.

No Brasil, um povo carente e ignorante sempre buscou em lideranças políticas uma espécie de "pai". O populismo personalista sempre encontrou solo fértil para florescer em nosso país. Basta pensar em Getulio Vargas, em Collor, em Lula. E sim, em Bolsonaro. O "mito" que veio para salvar o país, desafiar o "establishment", purificar o Congresso corrompido.

E esse tipo de crença boboca leva a posturas realmente constrangedoras, dignas de pena. É o caso desse pobre homem, que chora ao declarar seu "amor" pelo presidente:

Claro que poderia ser apenas um caso isolado de alguém perturbado, mas quando analisamos o grau de fanatismo da base militante do bolsonarismo, fica claro que muitos aderiram mesmo a esse culto à personalidade, promovido pelo próprio Bolsonaro. Quem pode esquecer a cena patética da deputada Carla Zambelli puxando coro para declarar que "ama" o presidente?

Em meio a esse cenário tosco, a facada que Bolsonaro levou durante a campanha certamente seria um ingrediente importante para alimentar a loucura messiânica. O próprio presidente já declarou que viu, ali, uma espécie de mão divina o salvando para executar sua missão. E eis o resultado desse discurso:

Tudo isso poderia ser apenas cafona, "over", ridículo. Mas é sintomático de uma doença grave que assola nosso país: essa busca por um "messias" na política, um substituto do "pai" todo-poderoso, capaz de salvar a nação se ao menos concentrar o poder necessário. O caminho do autoritarismo com base na crença no déspota esclarecido, ou incorruptível.

Muitos na direita achavam que só era possível derrotar o petismo adotando métodos semelhantes. Talvez tenham ido longe demais, criando um petismo com sinal trocado. A reverência que Lula despertava em sua militância era ridícula. Não é diferente o caso de Bolsonaro em sua manada cega...

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