Deboche é chamar Maduro de presidente

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Nicolás Maduro debochou de um repórter da Globo News, usando um tom sarcástico para responder sua pergunta, imitando um sotaque forçado e depois dizendo que vai vencer a "eleição" deste ano. O colega Gerson Camarotti, nos estúdios, ficou revoltado e disse que era postura de ditador:

“Esse deboche de não respeitar, de não responder é coisa de ditador, porque em um país um livre, em que imprensa é respeitada, um presidente não estaria fazendo graça, fazendo esse sotaquezinho... Estaria respondendo seriamente as questões. Maduro deixa o presidente Lula em situação muito difícil porque foi o Lula que reabilitou politicamente um ditador na América do Sul”.

Maduro arrastou de vez Lula para a lama dos párias globais, sendo que o petista não precisa fazer muito esforço para tanto, já que defende os mais abjetos ditadores desde sempre.

Para o comentarista, Maduro é ditador não porque persegue opositores, prende de forma arbitrária adversários, usa milícias cubanas para intimidar e até atirar em jovens manifestantes, aparelhou totalmente o Poder Judiciário e as Forças Armadas, acabou com eleições transparentes etc., mas sim porque... debochou do jornalista da Globo! É uma visão um tanto estranha, ainda mais quando vemos que o mesmo veículo de comunicação trata Maduro como... presidente!

Sim, Lula "reabilitou" Maduro ao recebê-lo com tapete vermelho, ao dar destaque ao convidado e trocar juras de amor. Na verdade, para quem tem dois neurônios, o efeito é o contrário: Maduro arrastou de vez Lula para a lama dos párias globais, sendo que o petista não precisa fazer muito esforço para tanto, já que defende os mais abjetos ditadores desde sempre.

Para alguns "jornalistas", porém, Lula é uma espécie de Mandela, moderado e democrata após a prisão, que pretendia "salvar a democracia" e "pacificar" o país. É preciso ser muito trouxa para acreditar nessa ladainha, nessa narrativa patética fabricada pela mídia. Mas eis justamente o tratamento que Lula recebe dessa velha imprensa submissa. E, por tabela, muitos resolveram estender o mesmo tratamento ao companheiro Maduro.

Até o ditador resolver debochar de um "jornalista profissional". Aí estamos diante do pecado capital: tirano! Camarotti disse que ditador tem medo da imprensa: e quem, no Brasil, costuma ignorar a imprensa independente e se cercar só de vassalos e puxas-sacos? Justamente o Lula, ora bolas, tão blindado pela mesma imprensa. Está cedo para chamá-lo de ditador?

Maduro transformou a Venezuela num narcoestado, milhões de venezuelanos fugiram, todos que foram capazes, escapando até mesmo para um lugar pobre como Roraima, já que qualquer destino era menos pior do que permanecer num país tomado por uma tirania comunista. No Brasil, boa parte da mídia fingia que nada acontecia, e como podemos ver, alguns ainda insistem em chamar Maduro de "presidente".

O deboche com o repórter é o de menos, como fica claro. O verdadeiro deboche, com o público em geral e com as vítimas da tirania comunista da Venezuela, é continuar se referindo a um narcoditador como "presidente", dando-lhe uma aura de legitimidade que apenas figuras igualmente abjetas como Lula desejam lhe dar. É o custo de tentar vender a imagem falsa de democrata moderado do próprio Lula. O público reage com a queda da audiência pela total perda de credibilidade.

Rodrigo Constantino

Economista pela PUC com MBA de Finanças pelo IBMEC, trabalhou por vários anos no mercado financeiro. É autor de vários livros, entre eles o best-seller “Esquerda Caviar” e a coletânea “Contra a maré vermelha”. Contribuiu para veículos como Veja.com, jornal O Globo e Gazeta do Povo. Preside o Conselho Deliberativo do Instituto Liberal. **Os textos do colunista não expressam, necessariamente, a opinião da Gazeta do Povo.

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