Muitos estão apontando o descontrole emocional de Bolsonaro, alegando que isso não é postura presidenciável, compatível com seu cargo, ou que trai desespero. Eis a "live" feita pelo presidente:
Mas alguém tem ideia de como é estar submetido a esta poderosa máquina de moer reputação? Não aguenta o calor, não vá para a cozinha, alertava o ex-presidente americano Truman, aquele que autorizou as bombas atômicas no Japão. Concordo. Mas é um jogo bem pesado!
Antigamente, ataque à honra era respondido com desafio para um duelo de vida ou morte. O nome tinha extremo valor, algo que se perdeu hoje. Tentem se colocar no lugar do presidente, partindo da premissa provável de que ele é inocente nessa história sem pé nem cabeça: o desabafo revoltado e genuíno não parece compreensível?
Não nego que o bolsonarismo também lança mão de táticas semelhantes. Eu sei, pois fui alvo da turba, do próprio filho do presidente, que mentiu sobre meu passado profissional. Mas eis o ponto: em boa parte o bolsonarismo é uma reação a essa postura da mídia enviesada. Uma reação com o fígado, é verdade, mas uma reação.
Do mesmo jeito que Trump é uma espécie de "dedo do meio" do americano médio cansado de ser rotulado pela imprensa como ultraconservador, radical, alienado, machista, homofóbico etc, só por defender valores tradicionais, básicos, conservadores.
Lembrem que o modus operandi é o mesmo independentemente de quem seja o alvo do lado direito. Até Mitt Romney, um lorde britânico praticamente, foi demonizado como um insensível capaz de "torturar" seu cão. Até McCain, basicamente um democrata com um pouco mais de testosterona, foi acusado de "fascista".
Chamar um canalha de canalha não surte efeito algum: ele é mesmo um canalha. Mas chamar um conservador de "homofóbico" só por defender o casamento tradicional, chamar um liberal de "fascista" só por ele repudiar o socialismo, chamar alguém de "xenófobo" só por defender maior rigor nas fronteiras, isso é provocar de graça, chamar para a briga, cutucar onça com vara curta.
Muitos se intimidam, é verdade, e por isso a esquerda insiste em sua tática pérfida. Vem dando certo, impedindo debates públicos, calando opositores. Mas claro que chegaria o dia em que a gota d'água seria suficiente para transbordar o recipiente.
A campanha de difamação de parte da mídia mainstream é tão forte quando se trata de políticos de direita, o duplo padrão é tão evidente, o viés ideológico é tão escancarado, que os conservadores concluem que de nada adianta tentar ser cordial, pegar leve, agir como um gentleman. O lado de lá vai só sentir a fraqueza e intensificar o ataque.
O que tira o establishment do sério é justamente o fato de Trump e Bolsonaro não reagirem mais dessa forma acovardada, pusilânime. Eles partem para o ataque também. E isso é novidade.
Eu também não acho o ideal um presidente da República se descontrolar. Mas eu não acho o ideal uma reportagem imprudente, para dizer o mínimo, fomentando a insinuação de que o presidente pode ser um assassino. Não acho o ideal tantas reportagens partidárias feitas por torcedores do contra disfarçados de jornalistas. Não acho o ideal a polarização tóxica que ganhou as redes sociais. Não acho o ideal nada disso!
Mas é o que temos. E é preciso lidar com a realidade como ela é, não como gostaríamos que ela fosse, num mundo idealizado, republicano, limpinho...
Por fim, se querem mesmo falar de postura pouco presidenciável, acho que deveriam lembrar do mensalão, do petrolão, da quadrilha petista que tomou o estado brasileiro de assalto. Isso para falar das coisas mais sérias, pois se o debate for apenas postura, temos Lula falando para jornalistas que deveriam fazer uma terapia para "curar preconceito", Dilma chamando os jornalistas de "meu filho" em tom arrogante, e por aí vai. Mas talvez os que acusam o atual presidente de desequilibrado queiram colocar em seu lugar Ciro Gomes, um ícone do cavalheirismo, o equilíbrio em pessoa!
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