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Eduardo Bolsonaro, o pacificador?
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O deputado Eduardo Bolsonaro concedeu uma entrevista ao Estadão ("extrema-imprensa", segundo os bolsonaristas que consideram mídia independente os sites bajuladores do presidente). Saiu-se até bem. Bancou o pacificador, aquele que está disposto a deixar animosidades pessoais de lado em prol de uma agenda para o país. Eis um trecho:

Eis a transcrição:

O que muda agora com o sr. sendo líder da bancada do PSL?

Agora eu tenho a responsabilidade de apaziguar o PSL. Os ânimos ficaram exaltados devido aos áudios que vieram à tona e isso é inegável. Temos de ter a ciência de que somos políticos, estamos aqui para focar nas pautas de interesse do País e não para ficar discutindo relações. A gente não pode fazer política com o fígado. E aqui somos mestres na arte de engolir sapo. Eu assumi a tarefa com a missão de colocar panos quentes.

Como o senhor vai conseguir liderar um grupo que ficou claramente dividido?

Estou ouvindo muita coisa que é mentira, que me desagrada, mas eu tampo o nariz. Fico quieto, na minha, para tentar minimamente conseguir ter um ambiente de trabalho saudável. Todos nós, sem exceção, fomos eleitos com a ajuda do presidente Bolsonaro. Então, o que se presume? Entre você ficar com o dinheiro do fundo partidário, com diretórios, garantia de legendas, etc, que o partido pode estar lhe oferecendo e atender o presidente, acho que o eleitor espera que o deputado do PSL atenda o presidente. Tem gente que vai sentir essa realidade nas eleições de 2022. O presidente Bolsonaro é sempre quem tem a melhor estratégia.

De fato, político precisa saber engolir sapos, deixar picuinhas pessoais de lado, focar na agenda para o país. Se Eduardo é capaz realmente de agir assim, o tempo dirá. Seu histórico não é encorajador, porém. Seu estilo é beligerante, as intrigas que procura são frequentes, a forma como reage perante "desafetos" é a pior possível.

Ele diz que está mais calmo nas redes sociais. Pode ser. Não tenho como saber, pois o deputado me bloqueou após perguntas incômodas que eu fazia. E ainda espalhou Fake News sobre meu passado profissional, numa clara tentativa de assassinato de reputação. Um exército de perfis, muitos claramente falsos, ajudou a disseminar a mentira. Se estavam a soldo de algum gabinete ou não, só uma investigação pode dizer. Por isso a CPI das Fake News é importante, e não uma "esculhambação", como diz o próprio deputado, talvez deixando transparecer certa apreensão com a coisa.

Ele nega a existência de robôs bolsonaristas comandados pelo núcleo duro. "Isso é uma narrativa lamentável de pessoas que querem fazer o terceiro turno das eleições agora", afirma. Chamou Joice Hasselmann de "tresloucada" por afirmar que existem tais robôs, e colocou tudo na conta do suposto ressentimento da deputada pela perda de espaço político.

Quem ousa criticar Bolsonaro nas redes sociais conhece bem o modus operandi da turma. Muitos são voluntários mesmo, fieis fanáticos em busca de um sentimento de pertencimento a uma espécie de seita "purificadora". Mas tudo leva a crer que existem alguns que manipulam perfis falsos e robôs, e que estariam lotados em gabinetes bolsonaristas. E isso deve ser investigado sim. Não é "terceiro turno", tampouco "censura"; é justamente preservar um ambiente legítimo de liberdade de expressão, já que robô não é povo, e espalhar conscientemente Fake News para assassinar reputações alheias não é liberdade de expressão.

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