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FILE – In this file photo taken on Jan. 16, 2020, Russian President Vladimir Putin attends a meeting on drafting constitutional changes at the Novo-Ogaryovo residence outside Moscow, Russia. Instead of openly declaring plans to extend his rule, like he did in 2011, he proposed constitutional amendments to appear to give more power to Russia’s parliament.  (Mikhail Klimentyev, Sputnik, Kremlin Pool Photo via AP, File)
FILE – In this file photo taken on Jan. 16, 2020, Russian President Vladimir Putin attends a meeting on drafting constitutional changes at the Novo-Ogaryovo residence outside Moscow, Russia. Instead of openly declaring plans to extend his rule, like he did in 2011, he proposed constitutional amendments to appear to give more power to Russia’s parliament. (Mikhail Klimentyev, Sputnik, Kremlin Pool Photo via AP, File)| Foto: AP

Por João Cesar de Melo*

Durante a Guerra Fria, a União Soviética e os Estados Unidos mantiveram protocolos de uso de armas nucleares para que elas só fossem usadas em resposta a ataques desse mesmo tipo.

Na última semana, a Rússia praticamente destruiu esse protocolo. A partir de agora, Vladimir Putin pode autorizar o uso de armas nucleares mesmo que o território russo não esteja sob ataque. Basta ao presidente ter convicção de que o país está sob ameaça. Pode fazê-lo também caso alguma base militar russa no exterior ou algum país aliado seja atacado.

Para compreendermos a dimensão do perigo, precisamos ver o que o Vladimir Putin está fazendo no mediterrâneo:

O ditador sírio Bashar al Assad só continua no poder devido ao apoio do presidente russo. Em 2011, Putin começou a fornecer suprimentos. Em 2014, apoio militar, utilizando aviões para bombardear forças rebeldes apoiadas pela ONU, União Europeia e Estados Unidos. Em 2017, construiu uma grande base militar na Síria para consolidar sua presença no país. Graças a isso, Bashar al Assad reconquistou a maior parte do território que havia perdido.

Ainda em 2017, a Rússia assinou um tratado de cooperação militar com o Egito, para uso de suas bases militares.

Vladimir Putin já vinha desde 2014 apoiando as forças que tentam derrubar o primeiro-ministro líbio Fayez al-Sarraj (também apoiado pela ONU, União Europeia e Estados Unidos) empregando naquele país cerca 2 mil mercenários russos do temido Wagner Group.

Na semana passada, caças SU 35 (os principais da força aérea russa), começaram a operar na mais importante base das forças rebeldes.

Em 1972, Estados Unidos e União Soviética assinaram o Acordo Bilateral de Incidentes no Mar, que impunha normas de convivência pacífica em espaço aéreo e marítimo internacional, o que foi primordial para evitar conflitos entre os dois países. Porém, Vladimir Putin vem ignorando o acordo, com navios e aviões russos manobrando agressivamente contra forças americanas, como o ocorrido no último dia 26 de maio. (links no final do texto)

Em 1992, o presidente americano G. Bush e o presidente russo Boris Yeltsin assinaram o tratado Open Skies, que regulava voos de reconhecimento de um país sobre o outro, e também de mais 34 países. Com a chegada de Putin ao poder, mais esse acordo foi violado, com a Rússia negando permissão de sobrevoo em seu país, o que levou Donald Trump, duas semanas atrás, a sair do acordo.

Lembremo-nos ainda das ocupações russas na Abecásia, Ossétia do Sul e Criméia; do apoio de Putin ao Irã, que há 40 anos jura a destruição de Israel e que vinha promovendo ataques e sequestros a navios no Estreito de Ormuz; os esforços para afastar a Turquia da OTAN e dos Estados Unidos; a participação cada vez mais ativa na Venezuela, onde já controla bases militares e refinarias.

A situação atual é a seguinte: se um país como o Irã atacar um navio mercante americano, por exemplo, a retaliação dos Estados Unidos àquele país pode ser respondida pela Rússia, com armas nucleares.

Tem mais:

No último dia 11 de março, o parlamento russo aprovou a possibilidade de reeleição de Putin até 2036, sendo que ele já controla o país desde o ano 2000. O resultado da votação: 383 votos a favor, 0 contra.

Vale lembrar que Vladimir Putin, ex-chefe da KGB, interrompeu o processo de democratização da Rússia após a queda da União Soviética. Assim que chegou ao poder, iniciou a reconstrução das forças armadas russas e tomou o controle da imprensa, do judiciário, do legislativo e dos setores mais importantes da economia. Tornou-se um ditador obstinado em expandir a influência russa não por meio de empresas e pela cultura de seu país, mas pela força. O argumento dele é aquele que escutamos dos comunistas há mais de um século: impedir o “imperialismo americano”, como se a influência americana nos causasse algum mal.

O fato é que não há outra razão para o avanço da Rússia além da obsessão de Putin em dominar o mundo, tal qual Xi Jinping, ditador chinês. Rússia e China são duas ditaduras que querem acabar com o protagonismo da maior democracia do mundo. Querem substituir os princípios de liberdade que ainda predominam no ocidente por um modelo rígido de controle social, político e cultural.

Quem já viu alguma matéria na grande imprensa sobre as tensões entre China e Índia, que estão a um triz de entrar em guerra? Pois é...

Enquanto a velha e a nova esquerda brasileira se descabelam com as frases e os trejeitos de Jair Bolsonaro, ou porque ele está distribuindo cargos de 2° escalão para o “centrão” e blá blá blá, é isso o que está acontecendo no mundo.

Tenham certeza de que 90% do antibolsonarismo na imprensa e na política não passa de cortina de fumaça para encobrir as verdadeiras ameaças às nossas liberdades.

* João Cesar de Melo é artista plástico, militante liberal/conservador com consciência libertária, e autor do livro "Comunidade Progresso"

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