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A arte pós-moderna não tem limites: “surra de bunda” é a nova etapa!
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Os leitores já perceberam que, volta e meia, gosto de falar das tendências da arte pós-moderna por aqui. O motivo é simples: encaro o relativismo estético exacerbado da atualidade como retrato do relativismo ético exacerbado, ambos farinha do mesmo saco podre e politicamente correto. É proibido julgar, vale tudo, criticar algo é ser preconceituoso, o que vem da periferia só pode ser bom, todos são especiais à sua maneira, tudo é arte. Ou seja, nada é arte.

Pois bem: quando você pensa que a palhaçada subversiva chegou ao limite, talvez com um tubarão no formol vendido por US$ 12 milhões, talvez com uma “performance” de algum sujeito medíocre que confunde excentricidade com autenticidade e esta com inovação artística, vem o mundo real e lhe mostra que não, simplesmente não há limites para o que pode ser considerado “arte” hoje em dia.

A abertura de uma exposição do Museu de Arte do Rio (MAR) vai contar com a banda paulista de funk Tequileiras, conhecida (?) pela dança “surra de bunda” (!). A festa é pela inauguração da exposição “Josephine Baker e Le Corbusier no Rio – Um Caso Transatlântico”. Um dos curadores explicou a estranha escolha:

“Em sua época, Josephine subverteu questões ao lidar com o jeito que percebemos gêneros, orientação sexual, classe e especificamente raça. O convite às Tequileiras para o evento de abertura ocorreu porque, no contexto brasileiro atual, vemos um espírito similar na manifestação delas”.

Perguntada se ela considera que a “surra de bunda” também é arte, Débora Fantine, uma das funkeiras da banda, não hesita: “Lógico que é!”, diz. Ela concorda com a opinião do curador, que compara o seu trabalho à postura pioneira de Josephine. “As mulheres têm que ser livres. Um homem vai na balada e ‘cata’ 10 mulheres, e a mulher que faz o mesmo é uma biscate. Tem que ter direitos iguais para todo mundo”, diz.

Viram só? Arte pós-moderna é isso aí: enaltecer a dama que “cata” dez numa só noite. Talvez faça sentido. Se Le Corbusier foi apelidado como “inimigo das cidades” por muitos críticos, então quem melhor do que uma banda “inimiga da (boa) música” para fazer o show de abertura da exposição? Tudo é arte…

Rodrigo Constantino
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