A novela da Petrobras continua com novos capítulos, e com o governo fazendo de tudo para impedir uma investigação mais aprofundada na estatal. Se quem não deve não teme, quem deve, naturalmente, teme. A Petrobras é grande demais e muito pouco transparente, combinação explosiva quando lembramos que lida com recursos da “viúva” ainda por cima. Os escândalos recentes mostram que precisa ser investigada a fundo.
Mas o PT, como era de se esperar, tenta se proteger atrás do ufanismo, alegando que os “ataques” não passam de uma estratégia de “entreguistas” que desejam privatizar a empresa. Ora, entreguista é o PT, que entregou a maior empresa nacional no colo de seus companheiros. Ela foi “privatizada” da pior forma possível: virou patrimônio a ser explorado por um grupo partidário.
O editorial do GLOBO de hoje defende com firmeza a necessidade de mais investigação, e alerta para a tática de desvio utilizada pelo lulopetismo:
Por essas transações perpassa o fio do tráfico de influência, outro aspecto a ser seriamente enfrentado nessa sucessão de negócios mal explicados na empresa controlada pelo Estado. Para variar, este é um ponto também escamoteado pelo PT e aliados, por eles tratado como “interesses eleitoreiros da oposição”. Mas as evidências são inquestionáveis. Na compra de Pasadena estavam as digitais de Nestor Cerveró, à época diretor da área internacional da empresa, ungido por lideranças do PMDB e do PT. O ex-diretor de Abastecimento Paulo Roberto Costa, ligado à operação da Abreu e Lima, hoje recolhido à prisão por lavagem de dinheiro, foi outro protegido pelo PP, PMDB e PT.
O discurso lulopetista em defesa dessas ações, desqualificando qualquer crítica à Petrobras como parte de supostas campanhas “neoliberais” para “privatizar” a empresa-símbolo da recente industrialização brasileira, é tanto previsível quanto irreal, e até risível. É, sim, velho truque eleitoreiro, por sinal já usado pelo PT. O que importa são os fatos. Eles estão aí, são graves, e o país cobra sua apuração.
Mas o PT jamais apreciou os fatos: tudo que importa é a “narrativa” que engana os mais leigos. Os petistas seriam os representantes do povo que iriam cuidar desse importante patrimônio nacional, já que, afinal, “o petróleo é nosso”. Os tucanos seriam “neoliberais” dispostos a entregar de bandeja esse ativo do povo brasileiro. Os fatos? A Petrobras vem sendo destruída sob o PT, enriquecendo muita gente distante do “povo” no processo.
Os escândalos da estatal foram o tema da coluna de Nelson Motta também. Há, segundo o autor, um cheiro de queimado no ar. Os indícios apontam para o uso indevido da estatal por interesses escusos. O petróleo não é nosso, mas deles. Diz o colunista:
Enquanto isso, o PT tenta convencer o público que o clamor pelas investigações sobre as refinarias é uma campanha contra… a Petrobras. E responde às acusações não negando, mas ameaçando investigar roubalheiras que podem atingir o PSDB em São Paulo. Se desistir da CPI da Petrobras a oposição pode continuar roubando à vontade? Quem ainda aguenta isso?
Mas o mal já está feito. Na era do aparelhamento político, funcionários de carreira das estatais logo perceberam que aderir ao partido era a melhor forma de crescer na empresa, através de indicações “técnicas”, mas na verdade partidárias, com todas as suas distorções e consequências. Áreas sensíveis e importantes foram entregues em barganhas políticas a corruptos profissionais e a incompetentes que eventualmente dão mais prejuízo do que os ladrões.
A palma da mão manchada de óleo preto que os governantes adoram mostrar para os fotógrafos quando visitam alguma plataforma de petróleo se transformou em um ícone da sujeira e da lambança.
E bota lambança nisso!
Rodrigo Constantino
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