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A revolução silenciosa que trocou o liberalismo pelo “progressismo” socialista
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Silent revolution

O termo liberal quer dizer hoje algo bem diferente do que no passado, principalmente nos Estados Unidos. Seu conceito foi totalmente obliterado, dando lugar ao “progressismo”, nada mais do que uma máscara para o socialismo reformado.

O que estamos acompanhando, nas últimas décadas, é uma revolução silenciosa que pretende modificar fundamentalmente os Estados Unidos, antigo bastião do liberalismo tradicional, e o restante do mundo por tabela.

Essa tese está no livro Silent Revolution: How the Left Rose to Political Power and Cultural Dominance, de Barry Rubin. Um leitor recomendou a leitura, comprei hoje mesmo na Amazon (obrigado pelo Kindle, Jeff Bezos!), e comecei os trabalhos. Estou apenas no começo, mas já deu para ter uma boa ideia do que vem pela frente: e vale a pena.

De forma bem sucinta, a revolução silenciosa adotou 4 passos: 1. o radicalismo toma conta do liberalismo; 2. o novo “liberalismo” pinta seu único oponente como sendo reacionário, conservador de direita; 3. o radicalismo (“liberalismo”) representa tudo aquilo que há de bom na América e a correção de tudo aquilo que é ruim; 4. o novo “liberalismo” detém o monopólio da verdade e o direito de transformar fundamentalmente a América.

Esses passos produzem uma gritante contradição: por um lado, os radicais “liberais” alegam que são os responsáveis por tudo que fez da América esta grande nação, mas por outro precisa retratar a própria América como um lugar repleto de maldades para justificar sua transformação radical. Quer absorver o legado fantástico do liberalismo tradicional e, ao mesmo tempo, posar como único meio possível para mudar radicalmente tudo aquilo que há de ruim no país.

Para tal estratégia, faz-se necessário recriar uma nação desastrosa em que a desigualdade e a injustiça são enormes e crescentes. Também é preciso alegar que todos aqueles que se opõem ao projeto “liberal” o fazem porque são racistas, homofóbicos, preconceituosos ou insensíveis. Portanto, aqueles que criticam os “liberais” não merecem ser levados a sério e podem ser simplesmente ignorados.

Ao mesmo tempo, esses transformadores radicais podem ignorar suas próprias bandeiras em suas vidas particulares, sendo, por exemplo, parte da elite dos 1% mais ricos que condenam como responsáveis pelas mazelas todas. E partem para a segregação da sociedade, intensificando os conflitos racial, religioso, sexual e de classe.

Foi essa revolução silenciosa que tornou possível a vitória de alguém como Barack Obama, um radical de esquerda que, em qualquer outra época, seria visto justamente como um radical de esquerda. Hoje, virou um “moderado”, já como resultado dessa revolução invisível.

O liberalismo deixou de ser uma doutrina reformista e moderada, e passou a simbolizar um impulso por mudanças radicais e fundamentais, contra todo o “sistema”. A ideologia anticapitalista passou a ser incorporada ao próprio “liberalismo”. Os pilares mais básicos que fizeram da América o que ela é foram, pouco a pouco, sendo destruídos.

Se tais propostas fossem apresentadas com suas verdadeiras cores radicais, teriam enfrentado muito mais resistência interna. Mas a marca registrada da “Terceira Esquerda”, como a chama o autor, é justamente saber “dourar a pílula”, embalar o radicalismo com o manto da moderação. Os socialistas compreenderam que a revolução direta, armada, marxista-leninista, nunca daria certo nos Estados Unidos. Era preciso partir para Gramsci.

O método utilizado foi modificar o pensamento predominante, uma revolução cultural. A negação da existência dessa revolução em curso tem sido parte essencial da estratégia. Quem acusa a farsa é paranoico, reacionário, direitista. Ridicularizar e isolar todos os críticos passou a fazer parte da campanha dos revolucionários.

A maior vítima dessa revolução, argumenta o autor, não foi o conservadorismo, um bode expiatório para ser usado quando necessário; mas sim o próprio liberalismo, que praticamente desapareceu da política americana. Era o liberalismo clássico, tradicional, que representava o maior obstáculo ao radicalismo dos “progressistas”.

Muitos inocentes úteis são atraídos ao novo “liberalismo” acreditando se tratar ainda dessa doutrina mais moderada, e acabam reforçando o exército de socialistas disfarçados. O declínio do liberalismo real acabou fortalecendo o conservadorismo como a única alternativa aparente para se combater os radicais.

Foi o liberalismo que fez dos Estados Unidos o que eles hoje são. Mas o liberalismo clássico, que não tem semelhança alguma com o “progressismo” da esquerda. O declínio do liberalismo, segundo Rubin, tem colocado o país em acentuado declive rumo ao suicídio civilizacional.

Rodrigo Constantino

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