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O presidente da Sociedade Nacional de Agricultura, Antonio Alvarenga, publicou um artigo hoje no GLOBO defendendo a postura do agronegócio brasileiro em relação às questões climáticas. Primeiro, acusou os ecoterroristas que aproveitam toda catástrofe natural – que sempre existiu – para associá-la automaticamente às mudanças climáticas e culparem o agronegócio por elas. Em seguida, após discorrer sobre dados que mostram a produtividade nossa no campo, conclui explicando o principal motivo pelo qual os proprietários rurais levam em conta as ameaças verdadeiras:

Muito se fala sobre meio ambiente, emissões de gases na atmosfera e aquecimento global. São assuntos que mobilizam a atenção de grande parte da população. O interesse é justificável, uma vez que estamos todos preocupados com o futuro, a sobrevivência das espécies e a qualidade de vida.

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No entanto, determinados “profetas do apocalipse” fazem previsões catastróficas sem qualquer base científica. Alguns desses terroristas ambientais mais precipitados têm atribuído os problemas climáticos do Brasil ao aquecimento global, ao desmatamento de nossas florestas e à agropecuária praticada no país. A realidade é que eventos climáticos semelhantes sempre existiram, com maior ou menor intensidade.

[…]

Nosso produtor rural preocupa-se com o meio ambiente e vê os recursos naturais como seu principal parceiro. Aliás, uma preocupação justificável. É cultivando a terra que os agricultores garantem sua sobrevivência. Este é seu patrimônio, de onde tiram seu sustento, onde investem e guardam suas esperanças de progresso econômico e social.

O ponto levantado por Alvarenga é muito importante, tema central do meu livro Privatize Já. Nele, há inclusive um capítulo sobre florestas, em que mostro como aquelas privadas costumam ser mais bem cuidadas. A razão é o mecanismo de incentivos.

A maior falácia disseminada pela esquerda é que o capitalista só pensa no lucro imediato e que o estado vai proteger os interesses nacionais de longo prazo. Tende a ser o inverso. O capitalista, o proprietário das terras, depende de sua sustentabilidade para expandir seu patrimônio. O valor de seu ativo é a geração futura de caixa trazida ao presente por uma taxa de desconto.

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É absolutamente racional, portanto, que o proprietário tenha uma visão de longo prazo, preocupado com a galinha dos seus ovos de ouro. Um dono de um poço de petróleo não vai explorar tudo de um vez, pois isso iria depreciar seu ativo. O fazendeiro não vai destruir seu entorno e ignorar o impacto no meio ambiente pois disso seu negócio depende à frente.

Já o estado é formado por políticos, eleitos de anos em anos. Para continuarem no poder, precisam ser reeleitos. E para tanto, devem adotar visão míope, de curto prazo. Não são os donos da propriedade, apenas seus arrendatários temporários, sendo que nem pagam o aluguel – quem paga somos nós. Dinheiro da viúva, foco de curto prazo: eis a combinação explosiva quando o estado é o gestor.

Os assentamentos do MST pecam do mesmo mal. Não são considerados propriedade definitiva daquelas famílias, pois sabem que as chances de repassarem a propriedade e demandarem novas terras são altas. Não cuidam delas pensando décadas à frente. Quem pratica desmatamento em larga escala normalmente não é o próprio dono do local, pois isso seria suicídio financeiro.

Portanto, o agronegócio não é o vilão mesmo, assim como a propriedade privada. Ambos são, na verdade, a solução, o melhor caminho para a produtividade no campo. Falar em reforma agrária nos moldes defendidos pelo MST é ser refém de um grande equívoco intelectual, ser prisioneiro de uma ideologia ultrapassada que se mostrou bem mais catastrófica do que qualquer “aquecimento global” poderá ser um dia…

Rodrigo Constantino

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